Impulsividade versus compulsividade: Diferenças e semelhanças

Os termos impulsividade e compulsão costumam ser usados como se tivessem o mesmo significado, mas há diferenças importantes entre os dois. Entenda melhor aqui!
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Quando se trata de saúde mental, muito se fala em comportamentos impulsivos e compulsivos. No entanto, muitas pessoas confundem os dois termos ou chegam até mesmo a achar que são equivalentes.

Neste artigo, você irá descobrir as principais diferenças e semelhanças entre a impulsividade e a compulsão.

O que é impulsividade?

A impulsividade está relacionada ao controle dos impulsos, ou seja, a pessoa sente o desejo de realizar certas ações e não consegue pensar direito nas consequências deste feito.

Frequentemente, a impulsividade é conceituada como “agir sem pensar”. Nem sempre a pessoa que realiza um ato impulsivo o faz sem pensar de fato. Há momentos em que a pessoa realmente não pensa nas consequências antes de agir, mas há também momentos no qual a pessoa sabe das consequências e as ignora mesmo assim, levando a um ato impulsivo.

Nem sempre a impulsividade é ruim ou tem consequências negativas e, por isso, não é considerada um problema por si só. Inclusive é uma característica bastante comum na infância e principalmente na adolescência. Contudo, ela pode ser o sintoma de algum transtorno não tratado, mas também pode ser apenas um traço de personalidade, caso não esteja causando prejuízos significativos na vida da pessoa.

O que é compulsividade?

Uma das principais características das compulsões é a repetição, podendo fazer com que um comportamento problema se torne rotineiro. Assim como na impulsividade, a pessoa dá pouca importância para as consequências da realização da ação repetidas vezes.

Racionalmente, a pessoa compreende que não precisa realizar a ação repetidas vezes, mas nem por isso consegue parar.

Semelhanças entre impulsividade e compulsividade

Tanto a impulsividade quanto a compulsividade estão associadas a uma tensão interna muito grande que é aliviada com a realização do ato impulsivo/compulsivo.

É como se a pessoa não tivesse um freio para suas ações, que ocorrem quando a tensão acumulada alcança níveis percebidos como insuportáveis pelo indivíduo.

Os dois fenômenos são frequentemente confundidos porque estão relacionados a um controle dos impulsos prejudicado. A pessoa sabe, racionalmente, que aquela ação pode trazer consequências desagradáveis, mas ignora o risco mesmo assim e realiza a ação, pois é a única maneira que encontra de aliviar a tensão que está sentindo.

Diferenças entre impulsividade e compulsividade

Superficialmente, pode ser difícil conseguir diferenciar a impulsividade de uma compulsão. No entanto, existem diferenças significativas entre os dois fenômenos.

O ato impulsivo está relacionado a um desejo, ou seja, a pessoa vê algo que deseja e não avalia os riscos ou, mesmo ao avaliar, diminui sua importância e realiza a ação mesmo assim. Já a compulsividade não necessariamente está relacionada a um desejo, sendo um ato mais para aliviar a tensão em si do que por haver algum desejo por trás.

Uma pessoa que come por impulso, por exemplo, pode comer algo que está fora de sua dieta por sentir desejo por aquilo. Já uma pessoa que come compulsivamente pode comer o que for — seja algo que está dentro de sua dieta ou não —, o importante é saciar o desejo de comer.

Uma compra impulsiva é feita porque, ao ver um determinado objeto, a pessoa sente um desejo de comprá-lo mesmo sem necessidade e não pensa nas consequências daquela compra. Em contrapartida, uma pessoa que faz compras compulsivas sai de casa sem saber o que deseja comprar, mas sente essa necessidade de comprar de qualquer forma, podendo comprar tanto objetos que são necessários quanto objetos que não são — o importante é o comprar em si, não importa o quê.

Em suma, embora os dois tipos de comportamento aliviem uma tensão e tenham pouca reflexão em relação às consequências, a impulsividade possui um objeto de desejo (seja um produto, uma pessoa, uma situação específica) enquanto a compulsividade não, o desejo é simplesmente de realizar aquela ação, não importa o objeto (produto, pessoa ou situação).

Além disso, a compulsão também tem um componente repetitivo. Como não existe um objeto de desejo de fato, a pessoa que lida com uma compulsão não fica satisfeita e volta a sentir a angústia e necessidade de realizar aquela ação mais vezes.

Já a pessoa que tem comportamentos impulsivos vai apresentar impulsividade em diversas esferas da vida, pois não é a vontade de realizar o ato em si (comer, comprar, etc.) que gera a impulsividade, mas sim o desejo e a dificuldade em avaliar os riscos.

Exemplos de comportamentos compulsivos versus impulsivos

Para ajudar a diferenciar um pouco os comportamentos compulsivos dos impulsivos, aqui vão alguns exemplos:

Comportamento compulsivos

  • Checar a tranca da porta repetidas vezes para ter certeza de que está trancada;
  • Contar os postes/ladrilhos/pessoas na rua;
  • Limpar ou lavar objetos repetidas vezes, mesmo quando já estão limpos;
  • Checar o fogão inúmeras vezes antes de sair de casa para se certificar de que ele está desligado.

Comportamentos impulsivos

  • Comprar algo muito caro que não é necessário sem pensar nas consequências de gastar essa quantia de dinheiro;
  • Beber bebidas alcoólicas quando não pretendia ou não queria;
  • Tomar decisões no calor do momento;
  • Ter relações sexuais de risco.

Estes são apenas alguns exemplos comuns, mas a lista de comportamentos que podem ter uma origem compulsiva ou impulsiva se estende indefinidamente.

Consequências da impulsividade e da compulsão

Embora sejam diferentes, os comportamentos impulsivos e compulsivos possuem algumas consequências negativas em comum. Dentre elas, está a sensação de culpa e arrependimento após a realização do ato impulsivo ou compulsivo.

Nem sempre os atos trazem prejuízos em si. No caso de uma pessoa impulsiva, às vezes uma compra impulsiva pode acabar sendo útil. No entanto, se acontece com frequência, ela pode passar a apresentar problemas financeiros.

Isso é mais problemático ainda em pessoas com compulsão por compras, por exemplo, tendo em vista que compram não porque querem um objeto específico mas porque sentem a necessidade de comprar.

A compulsão por alimentos pode levar a problemas como sobrepeso, enquanto a impulsividade pode fazer com que a pessoa desenvolva uma alimentação pouco saudável, por exemplo.

Em suma, esses comportamentos podem trazer prejuízos significativos, o que muitas vezes leva pessoas a buscarem tratamento para essas condições.

Embora a impulsividade possa ser apenas um traço de personalidade normal, a compulsão costuma ser algo um pouco mais sério, no sentido de que não é um traço de personalidade e geralmente está relacionada a algum transtorno mental não detectado, por exemplo.

Tanto a impulsividade quanto a compulsividade podem trazer prejuízos significativos para a pessoa caso ela não busque ajuda. Se você se identificou com o que foi descrito acima, independente de ser impulsividade ou compulsão, não hesite em procurar um profissional da saúde mental!

Referências

https://www.manhattancbt.com/archives/2126/compulsive-vs-impulsive/
https://luizsperry.blogosfera.uol.com.br/2019/06/17/voce-sabe-a-diferenca-de-impulsividade-e-compulsao/
https://www.webmd.com/mental-health/what-is-impulsivity

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