No momento em que ocorre um ataque de pânico, é difícil ter alguma perspectiva de que é possível controlar a situação. Contudo, é importante ter em mente que existe tratamento e que é possível recuperar qualidade de vida mesmo em casos graves.
Ao entrar em contato com um psiquiatra, após uma avaliação criteriosa, ele poderá prescrever medicamentos e indicar alguma forma de psicoterapia.
Tratamento farmacológico
O tratamento farmacológico é feito com antidepressivos e ansiolíticos. Embora esses dois tipos de medicamentos tenham mecanismos de ação diferentes, os dois se complementam no tratamento de transtornos de ansiedade e seus sintomas.
Quando a ansiedade é extrema, como no início do tratamento, os psiquiatras costumam receitar benzodiazepínicos. Estes são medicamentos ansiolíticos que agem como sedativos e, por isso, costumam ser tomados à noite, antes de dormir. No entanto, a longo prazo, esses medicamentos pode trazer consequências — como diminuição de energia, dificuldade de concentração, problemas de memória entre outros —, e por isso é comum que o uso seja descontinuado após alguns meses.
É aí que entram os antidepressivos. Os ansiolíticos lidam com a ansiedade extrema no início do tratamento e, quando os sintomas ansiosos estão controlados, os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são capazes de fazer a manutenção desse controle.
Psicoterapias
Dificilmente o psiquiatra deixará de indicar uma psicoterapia, uma vez que esse tipo de tratamento, junto do farmacológico, é bastante eficaz. No entanto, existem diversas abordagens que podem ser usadas, e a escolha depende mais da adaptação do paciente.
Terapia Cognitivo-comportamental
Esse tipo de terapia costuma ser bastante indicado por ter bastante respaldo científico de sua eficácia. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) busca auxiliar o paciente em seus pensamentos e crenças, modificando o comportamento diante de determinadas situações.
Em um primeiro momento, o psicoterapeuta deve fazer uma entrevista com o paciente, objetivando identificar a queixa principal e os fatores que mantém o problema ativo. Isso é necessário para poder traçar um plano particular de tratamento, adequado às necessidades do paciente.
Dentre as diversas técnicas que podem ser utilizadas está a exposição interoceptiva, que consiste em expor o paciente às sensações corporais que teme ter durante um ataque de pânico. Embora pareça torturante, isso tudo tem um motivo: o paciente aprende a lidar com esses sintomas nas situações em que eles ocorrem naturalmente sem entrar em pânico.
Além disso, durante a exposição, pode-se trabalhar a reestruturação cognitiva, ajudando o paciente a substituir os pensamentos catastróficos por pensamentos mais realistas.
Após uma melhora nos sintomas corporais, é possível levar o paciente para exposições a situações agorafóbicas, como lugares fechados (elevador, metrô, avião, entre outros), passagens estreitas ou multidões. O enfrentamento dessas situações pelo paciente, quando não há mais sintomas tão intensos, traz uma melhora significativa dos comportamentos de evitação.
Essas exposições devem ser feitas gradualmente — das situações mais fáceis até as mais angustiantes — e requer a presença de um cuidador. Esse cuidador pode ser o próprio terapeuta, um co-terapeuta ou até mesmo um familiar treinado para auxiliar nesse momento.
O paciente deve permanecer nessas situações até que o nível de ansiedade diminua, o que pode demorar bastante. Há casos em que a ansiedade leva em torno de 50 minutos para baixar. Quando mais vezes o paciente se submete a essas exposições, mais rapidamente o tratamento é eficaz.
Uma tendência dos pacientes com pânico é a de hiperventilar, ou seja, inspirar uma quantidade maior de oxigênio do que o necessário. O problema é que, com isso, o corpo pode interpretar como se fosse uma situação de perigo e o indivíduo passa a vivenciar sintomas de pânico.
Nesse contexto, o terapeuta irá auxiliar o paciente a deixar de hiperventilar quando sentir ansiedade, e ensinará a utilizar a respiração lenta para reverter os sintomas quando necessário.
Por último, antes de exposições às situações de agorafobia, pode-se utilizar o relaxamento muscular progressivo de Jacobson, que consiste em contrair e relaxar os músculos progressivamente. Isso pode auxiliar porque, em estados de ansiedade exacerbada, os músculos costumam se contrair, e o relaxamento está ligado a baixos níveis de ansiedade.
O que fazer durante um ataque de pânico?
Durante um ataque, é difícil tomar o controle da situação, mas existem algumas dicas que podem ajudar:
Respirar fundo
A respiração profunda, quando feita da maneira correta, ajuda a acalmar o sistema autônomo, o que diminui os sintomas do pânico. Se você faz terapia, peça para seu terapeuta ensinar a respiração diafragmática lenta, pois assim você garantirá que estará respirando corretamente.
Conhecimento
O poder do conhecimento é enorme, e pode ser bastante útil durante um ataque de pânico. Você provavelmente já conhece os sintomas quando entra em pânico, e saber como o episódio acontece pode ajudá-lo a controlar melhor a situação.
Quando o coração começa a bater muito rápido, é importante lembrar que provavelmente é um ataque de pânico, e não um infarto. Se houver dificuldades para respirar, saber que se trata de um episódio de pânico ajuda a tomar o controle da respiração.
A chave é saber que os sintomas são desagradáveis, mas não estão ligados a nenhum problema grave. Por isso, discuta os sintomas com seu terapeuta e ele lhe ajudará a identificá-los melhor caso você venha a ter um novo episódio.
Relaxar os músculos
Lembra da técnica de relaxamento progressivo, que o terapeuta cognitivo-comportamental ensina a fazer? Durante um ataque, ela também pode ser útil, pois os músculos relaxados dizem para o corpo que não há nada a temer.
Preste atenção aos arredores
Na maior parte das vezes, os ataques de pânico ocorrem em situações nas quais está tudo bem. Por isso, prestar atenção aos arredores e ao seu próprio corpo, num exercício de mindfulness, pode ajudar a parar o episódio.
Agora você já sabe: existem diversas maneiras de tratar ataques de pânico, e cada um se adequa melhor a uma delas. Por isso, não deixe de consultar um profissional da saúde mental antes de qualquer coisa. Ele é o profissional indicado para te ajudar nessa luta contra a ansiedade.
Sobre o que é o “Ataque de Pânico” lei nosso artigo anterior:
http://institutodepsiquiatriapr.com.br/ataque-de-panico-como-e-e-sintomas-fisicos/
Referências
NARDI, ANTONIO E. VALENÇA, ALEXANDRE M. Transtorno de Pânico: Diagnóstico e Tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.