Antidepressivos ISRS: Inibidores seletivos da recaptação de serotonina

Com grande respaldo científico, os antidepressivos ISRS são frequentemente a primeira opção de tratamento em diversos transtornos. Saiba mais aqui!
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Os antidepressivos são medicamentos que atuam em neurotransmissores importantes para a manutenção do humor, como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina. Com isso, eles conseguem combater os principais sintomas da depressão.

No entanto, nem todos os antidepressivos agem sobre todos esses neurotransmissores. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) atuam de forma seletiva na serotonina, não influenciando a concentração de outros neurotransmissores.

O primeiro antidepressivo lançado no mercado foi um ISRS chamado fluoxetina, na década de 1980. Comparado aos demais medicamentos psiquiátricos da época, tornou-se uma alternativa bastante segura e popular para tratar quadros depressivos na década de 1990.

Depois, foram surgindo outras substâncias, como a sertralina e a paroxetina, trazendo um perfil de efeitos colaterais diferentes, porém conservando a eficácia.

Os antidepressivos ISRS são de fácil administração, podendo ser tomado em casa na forma de comprimidos. No entanto, o acompanhamento psiquiátrico se faz necessário mês a mês até encontrar uma medicação e dose efetiva para cada caso.

Por serem medicamentos relativamente seguros, costumam ser a primeira escolha no tratamento de transtornos depressivos e ansiosos, podendo ser usados também no transtorno afetivo bipolar, transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) e até mesmo em transtornos de personalidade com grande influência no humor, como o transtorno de personalidade borderline.

Vale ressaltar que, assim como diversos outros remédios psiquiátricos, os antidepressivos ISRS não fazem efeito imediato, sendo necessárias pelo menos 2 semanas tomando a medicação diariamente para que comecem a fazer efeito. O potencial máximo de seu efeito é alcançado em torno da 6ª semana de tratamento.

Exemplos de antidepressivos ISRS

Aqui estão alguns exemplos dos antidepressivos ISRS comercializados no Brasil. O nome se refere ao princípio ativo e, entre parênteses, está o nome comercial do medicamento.

  • Fluoxetina (ProzacⓇ);
  • Paroxetina (PaxilⓇ);
  • Citalopram (CipramilⓇ);
  • Escitalopram (LexaproⓇ);
  • Sertralina (ZoloftⓇ);
  • Fluvoxamina (LuvoxⓇ);
  • Vilazodona (ViibrydⓇ).

Vale ressaltar que esses não são os únicos nomes comerciais para essas substâncias. Siga as recomendações do seu psiquiatra e utilize o medicamento que ele receitou, ainda que existam outras marcas.

Qual o mecanismo de ação dos ISRS?

Os antidepressivos ISRS agem em um neurotransmissor chamado serotonina, que, dentre outras funções, é responsável pela regulação do humor.

Os neurotransmissores são substâncias químicas que transportam informações entre neurônios, em um espaço chamado fenda sináptica.

Quando um neurônio vai passar uma mensagem para outro neurônio, ele libera esses neurotransmissores na fenda sináptica, para que sejam captados pelo neurônio receptor.

No entanto, nem sempre o neurônio que recebe a informação capta todos os neurotransmissores presentes na fenda sináptica, o que faz com que o neurônio que os enviou acabe reabsorvendo esses neurotransmissores, um processo chamado de recaptação.

Entenda melhor: Neurotransmissores: o que são? Quais são os principais?

Os medicamentos ISRS são inibidores da recaptação de serotonina, fazendo com que a serotonina fique disponível por mais tempo na fenda sináptica.

Não se sabe exatamente se pessoas com sintomas depressivos têm alguma dificuldade nesse transporte da serotonina entre um neurônio e outro, mas após o desenvolvimento desses medicamentos, foi possível perceber que aumentar a disponibilidade da serotonina no cérebro ajuda a combater esses sintomas.

Doses e duração do tratamento

A dose utilizada vai depender de alguns fatores como:

  • Princípio ativo escolhido;
  • Momento do tratamento (início ou fase de manutenção);
  • Diagnóstico do paciente;
  • Resposta do paciente a medicações anteriores;
  • Resposta do paciente ao medicamento atual (caso já faça o uso).

Além disso, a duração do tratamento varia de caso para caso.

Em geral, quando o tratamento é para depressão, é necessário que a pessoa esteja há 1 ano tendo o efeito terapêutico máximo do tratamento para pensar na retirada do medicamento.

Leia mais: Introdução e retirada lenta de fármacos: desmame

Vale ressaltar que diversos transtornos se beneficiam também da psicoterapia, sendo que, para muitos casos, é indicado uma junção do tratamento medicamentoso com a psicoterapia para alcançar bons resultados.

Efeitos colaterais

Os efeitos colaterais dos medicamentos ISRS podem variar de acordo com o princípio ativo utilizado. No entanto, os efeitos colaterais mais comuns são:

  • Alterações de sono, incluindo insônia e hipersonia (dormir mais do que o necessário);
  • Sonolência;
  • Dores de cabeça;
  • Boca seca;
  • Alterações na libido;
  • Anorgasmia (dificuldade ou impossibilidade de atingir o orgasmo);
  • Disfunção erétil;
  • Náuseas;
  • Alterações de apetite;
  • Alterações de peso;
  • Diarreia.

Interações medicamentosas e alimentares

Assim como os efeitos colaterais, as interações medicamentosas vão depender do princípio ativo usado. No entanto, algumas interações medicamentosas comuns dos ISRS são:

  • Teofilina;
  • Propranolol;
  • Diazepam;
  • Alprazolam;
  • Clozapina;
  • Varfarina;
  • Terfenadina;
  • Ácido acetilsalicílico (Aspirina);
  • Anti-inflamatórios não esteroides.

Como os ISRS interagem com o álcool é recomendado evitar o seu uso durante o tratamento com esses antidepressivos.

Além disso, os antidepressivos ISRS podem aumentar a concentração de cafeína no plasma sanguíneo. Portanto, se você costuma tomar café, pode ser interessante reduzir o consumo durante o tratamento.

Não esqueça de informar ao seu psiquiatra todos os medicamentos e outras substâncias que você faz uso regular, para que ele possa escolher uma opção segura para o seu caso.

Toxicidade aguda: ISRS causa overdose?

Uma superdosagem de medicamentos ISRS tem baixa toxicidade, então são considerados medicamentos relativamente seguros, ou seja, não chegam a causar uma overdose perigosa. No entanto, se você percebe que ingeriu uma dose maior do que o necessário, peça orientações a seu médico.

Síndrome serotoninérgica

A síndrome serotoninérgica é uma reação a medicamentos que aumentam a estimulação dos receptores de serotonina do cérebro e pode ser fatal. Ela é caracterizada pelo aumento da temperatura corporal, espasmos musculares, tremores e sintomas psiquiátricos como ansiedade, confusão e delírios.

É muito raro que a síndrome serotoninérgica ocorra só por utilizar um antidepressivo ISRS. Essa síndrome costuma ocorrer quando há interação entre esses medicamentos e outras substâncias que também aumentam a disponibilidade ou a funcionalidade da serotonina no organismo.

Neste sentido, é de extrema importância não misturar medicamentos ISRS com antidepressivos inibidores da monoaminoxidase (IMAO), uma outra classe de antidepressivos que também tem efeito sobre a serotonina, embora tenha um mecanismo de ação diferente.

Os sintomas da síndrome serotoninérgica são:

  • Aumento da temperatura corporal (febre);
  • Tremores;
  • Espasmos musculares;
  • Agitação;
  • Rigidez muscular;
  • Hipertensão arterial;
  • Aumento da frequência cardíaca;
  • Sudorese;
  • Calafrios;
  • Vômitos;
  • Diarreia;
  • Confusão mental;
  • Ansiedade;
  • Delírios.

O tratamento da síndrome serotoninérgica é baseado na interrupção dos medicamentos que estão causando o quadro. Em alguns casos, pode ser receitado também um sedativo. Casos graves podem necessitar internação em unidade de terapia intensiva (UTI) para monitoramento dos sinais vitais.

Diferenças entre os ISRS

Como visto anteriormente, existem diversos medicamentos classificados como ISRS no mercado. Considerando que são medicamentos com o mesmo mecanismo de ação, qual seria a diferença entre eles?

De forma geral, os medicamentos ISRS podem ser usados de forma intercambiável. No entanto, o efeito das medicações não é exatamente o mesmo em todas as pessoas.

Todo medicamento provoca efeitos colaterais que não estão necessariamente ligados ao seu mecanismo de ação, pois apesar de ter como foco o cérebro, a medicação corre pela corrente sanguínea do corpo inteiro.

Por conta disso, há diferença no perfil de efeitos colaterais de diferentes substâncias, mesmo que elas tenham o mesmo mecanismo de ação.

Além disso, substâncias diferentes também podem ter variações na interação com outros medicamentos. Em outras palavras, se a pessoa toma mais medicamentos do que apenas o antidepressivo, é interessante buscar um antidepressivo que não interaja tanto com os outros medicamentos que a pessoa usa, a fim de evitar problemas como diminuição da eficácia terapêutica ou até mesmo interações que podem colocar a vida do paciente em risco.

Os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina já estão bem consolidados no mercado e são bastante eficazes e seguros, sendo a primeira opção de tratamento para muitas pessoas.

Se você suspeita que está lidando com sintomas psiquiátricos e gostaria de iniciar um tratamento, não hesite em procurar um médico psiquiatra!

Referências

https://jornal.usp.br/atualidades/antidepressivos-de-inibidores-seletivos-sao-os-mais-usados/
https://www.doctoralia.com.br/perguntas-respostas/se-os-antidepressivos-da-classe-dos-isrs-sao-todos-medicamentos-que-atuam-no-mesmo-neurotransmissor
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/lesões-e-envenenamentos/distúrbios-causados-pelo-calor/síndrome-serotoninérgica
https://www.ordemfarmaceuticos.pt/pt/artigos/quando-suspeitar-e-como-prevenir-a-sindrome-serotoninergica/

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