As vantagens do teleatendimento: como as consultas online podem ajudar

O atendimento online se popularizou bastante devido ao isolamento social, mas existem mesmo vantagens nessa modalidade? Descubra!
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Nos últimos anos, com o advento da tecnologia e a necessidade da adoção do isolamento social por conta da pandemia de Covid-19, foi regulamentada uma nova modalidade de atendimento em saúde mental: o teleatendimento.

O teleatendimento é caracterizado pela realização de consultas online por meio de videochamadas que podem ser realizadas no computador, celular ou tablet. As consultas são marcadas previamente e, no horário combinado, paciente e profissional da saúde se encontram virtualmente em uma chamada para discutir sintomas, diagnósticos, tratamentos, entre outros.

Antigamente, os teleatendimentos não eram permitidos pois acreditava-se que se perdiam muitas informações caso o paciente não estivesse presencialmente no consultório. No entanto, salvo em casos em que são necessários exames físicos, o que a prática mostra é que os teleatendimentos têm sido bastante proveitosos, tanto por pacientes quanto por profissionais, trazendo uma série de vantagens em relação à consulta presencial.

Neste artigo, você irá entender um pouco mais sobre as vantagens do teleatendimento em psiquiatria e psicologia, bem como o seu funcionamento e a quem esta modalidade não é indicada.

Vantagens do teleatendimento em psiquiatria e psicologia

Maior acessibilidade

O teleatendimento torna as consultas psiquiátricas e as sessões de psicoterapia mais acessíveis de um modo geral. Abaixo você confere algumas situações que podem prejudicar o acesso a consultas presenciais:

Pessoas que moram em locais afastados

Por meio do teleatendimento, pessoas que moram em locais afastados podem se beneficiar das consultas sem precisar passar horas se locomovendo para o local da consulta.

Por locais afastados pode-se entender locais que não possuem clínicas especializadas em saúde mental, como cidades muito pequenas, zona rural e aldeias indígenas, por exemplo.

Pessoas com dificuldades financeiras

Pessoas com dificuldades financeiras podem ter problemas para acessar a saúde mental por uma série de motivos.

Em geral, a consulta presencial costuma ser mais cara, tendo em vista que parte do preço da consulta é também para ajudar nos gastos com a manutenção do espaço no qual a consulta é realizada.

Além disso, há pessoas que não têm condições financeiras para se locomover até o local da consulta, seja em veículo próprio ou até mesmo com transporte público. Às vezes, a pessoa pode até ter dinheiro para pagar o valor da consulta, mas aí não consegue pagar a passagem do ônibus, o que a impede de efetivamente ir até a clínica realizar a consulta.

Isso é especialmente importante nos casos de atendimentos psicológicos, que costumam ser feitos no mínimo uma vez por semana. No caso dos atendimentos psiquiátricos, a frequência varia, mas é comum que os atendimentos sejam feitos a cada 1 ou 2 meses.

Pessoas com agendas apertadas

Assim como no caso das pessoas que moram longe, para pessoas que possuem agendas muito apertadas, o tempo de locomoção pode ser um grande empecilho para a realização do tratamento psiquiátrico ou psicológico.

Esse estilo de vida é bastante comum em cidades grandes, em que o acesso físico às clínicas pode ser facilitado, mas justamente por conta da falta de tempo pode ser que o atendimento online seja a única opção viável para algumas pessoas.

Idosos e pessoas com deficiência

Alguns grupos de pessoas possuem dificuldades de locomoção por questões físicas, como é o caso de idosos e pessoas com deficiência.

Embora exista a possibilidade dessas pessoas se locomoverem até o local do atendimento, há muitos lugares que não são adaptados para a acessibilidade dessas pessoas. Com o teleatendimento, a acessibilidade física deixa de ser uma preocupação para esses grupos, facilitando o acesso ao tratamento em si.

Maior adesão ao tratamento

Não é raro que as pessoas deixem de aderir ao tratamento psiquiátrico ou psicológico e isso pode ocorrer por diversos fatores. No entanto, um destes fatores pode ser justamente a locomoção até o local do consultório clínico.

Pacientes gravemente deprimidos que se apresentam letárgicos podem acabar perdendo consultas por não saírem da cama, por exemplo. Já no teleatendimento, o paciente necessita apenas do celular para realizar a consulta, sem ter a necessidade de sair do quarto.

É claro que, com o tratamento, espera-se que o paciente saia dessa letargia e consiga realizar o atendimento em outros locais, bem como consiga viver sua vida se locomovendo para outros lugares. No entanto, a possibilidade de ser atendido mesmo nessas condições de letargia é de grande ajuda para iniciar e dar continuidade ao tratamento nesses casos mais extremos.

Ainda dentro das dificuldades de locomoção relacionadas a transtornos mentais, existem também pacientes com síndrome do pânico e agorafobia que não conseguem sair de suas casas, nem mesmo para buscar ajuda psicológica. Assim como no caso das pessoas letárgicas, é esperado que, com o tratamento, a pessoa consiga eventualmente sair de casa, mas enquanto isso, a possibilidade de realizar os atendimentos no único local em que se sentem seguras é de bastante ajuda na adesão ao tratamento.

Maior contextualização

Embora um dos requisitos para o atendimento à distância seja que o paciente esteja em um local privado, é possível que o profissional da saúde mental tenha uma maior contextualização a respeito da vida do paciente caso este faça os atendimentos em casa.

Isso porque geralmente as consultas são feitas por meio de videochamadas nas quais o profissional pode observar o ambiente no qual o paciente se encontra, as condições em que ele vive, podendo ver a maneira que o paciente interage com esse ambiente e de que forma este ambiente pode acabar contribuindo para a manutenção dos sintomas e queixas apresentadas, por exemplo.

Como é o atendimento psiquiátrico à distância?

A psiquiatria é uma área médica que trata dos transtornos mentais e, portanto, não é necessária a realização de exames físicos para que o psiquiatra adquira informações relevantes ao diagnóstico do paciente.

Em geral, o diagnóstico psiquiátrico é feito por meio do relato oral trazido pelo paciente acerca do que sente e identifica como possíveis problemas. Por conta disso, a consulta à distância em psiquiatria não é muito diferente de uma consulta presencial, na qual o paciente senta em frente ao psiquiatra e relata seus sintomas.

O psiquiatra deve ficar atento aos sinais que o paciente dá acerca do seu funcionamento mental, mas estes sinais são facilmente reconhecíveis mesmo em uma videochamada, como por exemplo tom de voz, coerência na fala, prejuízos na orientação espaço-temporal, dificuldades de memória, a expressão das emoções no semblante, entre outros.

Antes de realizar o atendimento, no entanto, é importante que o paciente encontre um espaço adequado para tal, com boa iluminação e no qual possa posicionar a câmera de um jeito que dê para ver bem seu rosto. Também é importante usar bons equipamentos de captação de áudio, sendo interessante o uso de fones de ouvido com microfone para evitar interferências.

Por fim, pede-se que o local do atendimento seja um lugar no qual o paciente tenha privacidade, para que a presença de familiares e colegas de quarto não atrapalhe no momento do atendimento.

Ao final da consulta, o psiquiatra poderá enviar eventuais receitas médicas e guias de exames para o paciente pelo e-mail ou por algum aplicativo de mensagens, como o WhatsApp. Existem plataformas que geram um link para o compartilhamento desses documentos que são devidamente validados e podem ser usados para a compra de medicamentos em diversas farmácias.

Como é o atendimento psicológico à distância?

O atendimento psicológico à distância segue o mesmo molde do atendimento psiquiátrico, porém há um enfoque maior na questão do sigilo.

Por conta disso, tanto o paciente quanto o psicólogo deverão estar em ambientes fechados, nos quais não podem ser ouvidos por outras pessoas, e de preferência utilizando um equipamento que não vaze o áudio, como o caso de fones de ouvido. Da mesma forma, é crucial que não haja interrupção de familiares e colegas de quarto durante a sessão.

No que tange o atendimento em si, o psicólogo irá realizar a sessão de acordo com o direcionamento da abordagem escolhida, da mesma forma que faria no caso de atendimento presencial.

Contudo, existem abordagens que requerem a realização de tarefas de casa, como é o caso da terapia cognitivo-comportamental (TCC). Nestes casos, é possível que o psicólogo prepare uma plataforma específica para a realização destas tarefas em ambiente virtual ou, alternativamente, peça que as atividades sejam feitas em softwares de edição de texto (como Word ou Google Docs, por exemplo) e enviadas para seu e-mail.

Em alguns casos, as tarefas podem ser feitas manualmente, caso não haja necessidade de entregar ao psicólogo, ou até mesmo podem ser feitas manualmente e posteriormente escaneadas para enviar ao terapeuta.

Quem não pode ser atendido por teleatendimento?

Apesar de o teleatendimento poder ser uma mão na roda para muita gente, é importante ressaltar que as consultas à distância não podem ser feitas em todos os casos.

Pessoas que estão apresentando algum tipo de crise não devem ser atendidas à distância, especialmente se for necessário ações de emergência como a aplicação de medicamentos de forma urgente, por exemplo. Nesses casos de crise, é recomendado buscar atendimento psiquiátrico emergencial presencial, pois assim garante-se que a pessoa tenha acesso ao tratamento de imediato caso seja necessário.

O mesmo vale para pacientes que apresentam sintomas psicóticos graves que podem levar a situações de urgência, como é o caso de pacientes com esquizofrenia ou pacientes com transtorno bipolar em episódio de mania.

No que tange o atendimento exclusivamente psicológico, o Conselho Federal de Psicologia não permite o teleatendimento nos seguintes casos:

  • Pessoas em situação de abuso, violação de direitos ou violência;
  • Pessoas em situação de urgência e emergência;
  • Pessoas vítimas de desastres.

O teleatendimento também não é possível caso a pessoa precise realizar exames e testes, tendo em vista que grande parte destes exames e testes necessitam de uma infraestrutura adequada para sua aplicação, impossibilitando o atendimento à distância.

Para pessoas que estão precisando de ajuda psiquiátrica ou psicológica e não têm condições de ir a uma consulta presencial, o teleatendimento surge como uma grande oportunidade de cuidar da saúde mental. Se você se identificou e sente que pode se beneficiar de um tratamento, não hesite em contatar um profissional da saúde mental, seja presencialmente ou à distância!

Referências

https://www.medpedia.com.br/blog/os-beneficios-da-telepsiquiatria-e-como-realiza-la/
https://blog.iclinic.com.br/teleconsulta-no-brasil/
https://blog.imedicina.com.br/telemedicina-psiquiatrica-por-um-cuidado-mais-acessivel/

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