Ao longo da história, diversos cientistas e pesquisadores influenciaram o campo da psicologia para que ela se tornasse o que é hoje. Um dos grandes nomes que contribuíram para a psicologia como ciência e profissão é B. F. Skinner, conhecido como pai do behaviorismo radical.
Quem foi B. F. Skinner?
Nascido em 20 de março de 1904, em Susquehanna, na Pensilvânia, Burrhus Frederic Skinner se tornaria um dos principais teóricos e pesquisadores da psicologia comportamental, dando origem ao behaviorismo radical.
Desde criança, Skinner demonstrou interesse em construir objetos, como um carrinho dirigível que, por engano, funcionava ao contrário, e um moto-perpétuo, um tipo de máquina que seria capaz de funcionar infinitamente, sem perder energia. Trata-se de uma máquina hipotética que Skinner não obteve sucesso em fazer.
De acordo com o próprio Skinner, seu crescimento se deu em um ambiente estável, tendo um pai advogado e uma mãe que ficava em casa para cuidar dos filhos.
Após cursar ensino superior em Hamilton College, em Nova York, Skinner decidiu virar escritor, empreendimento no qual também não obteve sucesso. Considera esse período em que escreveu seu “ano obscuro”.
Porém, ao arranjar um emprego em uma livraria, Skinner acabou esbarrando com livros do fisiólogo russo Ivan Petrovich Pavlov e os trabalhos do psicólogo John B. Watson, desenvolvendo ali interesse pela psicologia comportamental.
Pavlov e Watson foram pesquisadores que estudaram o chamado reflexo condicionado, no qual um organismo (animal ou pessoa) emite uma resposta a um determinado estímulo por associação.
Em outras palavras, se uma pessoa associa ouvir Chopin à tomar café, sempre que ouvir Chopin, irá salivar por conta da associação ao café. Isso é o reflexo condicionado.
Estudo da psicologia e o condicionamento operante
Aos 24 anos, então, Skinner entrou no Departamento de Psicologia da Universidade de Harvard.
Por conta de sua paixão em construir objetos, o pesquisador logo começou a construir equipamentos para ajudar em seus estudos, sendo uma de suas invenções mais conhecidas a “caixa de Skinner”.
Esta caixa consistia em uma câmara com uma barra que o animal deveria pressionar para receber alimento ou água. Em geral, Skinner usava ratos e pombos em seus experimentos.
Além disso, inventou também um aparelho chamado registrador cumulativo, que registrava as respostas dos animais em um gráfico cuja linha subia a medida em que o animal apresentava o comportamento estudado.
Com esses equipamentos, o pesquisador passou a perceber que, quanto mais alimento o animal recebia, com mais frequência ele apertava a barra. A partir disso, Skinner postulou que não é o estímulo precedente em si que dita o comportamento, mas sim a consequência que esse comportamento trazia.
Em outras palavras, o comportamento do animal seria capaz de influenciar o ambiente, fazendo com que a resposta do ambiente encorajasse o comportamento. Esse tipo de comportamento foi nomeado condicionamento operante.
Projeto Pombo e outras invenções
Durante a 2ª Guerra Mundial, Skinner participou de uma missão secreta na qual treinaria pombos para guiarem mísseis, considerando que na época não existia radar. No entanto, o projeto, conhecido como “Projeto Pombo”, logo foi cancelado por conta da invenção do radar em si. Embora o projeto não tenha sido levado para frente, Skinner obteve sucesso em ensinar os pombos a jogar pingue-pongue.
Ainda com grande criatividade para inventar aparatos, Skinner inventou, em 1943, uma espécie de berço modificado para sua segunda filha, Deborah. Esse berço consistia em uma câmara aquecida, na qual o bebê não precisaria de cobertores para manter-se aquecido.
Não se trata de um aparelho de experimentos, como no caso da caixa de Skinner, mas sua invenção infelizmente foi compreendida por muitos como se fosse. Logo surgiram rumores de que Skinner teria criado sua filha fazendo experimentos, o que foi desmentido pela mesma em uma reportagem ao The Guardian.
A teoria de Skinner
Skinner nomeou sua teoria “behaviorismo radical”, propondo que a raiz de tudo seria resultado direto do condicionamento operante. Em outras palavras, para Skinner, o conceito de livre arbítrio é simplesmente uma ilusão, pois nossos comportamentos são ditados pelas suas consequências ao longo do tempo.
De acordo com Skinner, nossos comportamentos se desenvolvem por meio de reforços. Em outras palavras, quando a consequência de um comportamento é vantajosa para nós, isso aumenta as chances de repetirmos esse mesmo comportamento.
Em sua teoria, o comportamento ocorre em um processo:
- Presença de um estímulo;
- Resposta do indivíduo ao estímulo;
- Consequências.
São justamente as consequências que causam o condicionamento.
A presença de um estímulo pode, também, ser uma situação específica. Vamos supor que uma dona de casa está esperando o marido chegar do trabalho e resolve fazer uma janta fresquinha para ele.
O estímulo é o marido chegar do trabalho, a resposta é fazer a janta fresca. Quando o marido chega, se ele elogia a esposa pela janta, isso é uma consequência positiva que serve de reforço, aumentando as chances da esposa repetir esse comportamento mais vezes.
Porém, para além das consequências, outra questão que deve ser levada em consideração é o estado emocional da pessoa. Quando uma pessoa está em um determinado estado emocional, ela pode reagir de formas diferentes. Por exemplo, se uma pessoa está com raiva de outra, sua resposta pode se manifestar por meio de comportamentos mais agressivos.
Reforço
Na teoria de Skinner, “reforço” é qualquer consequência que aumente a frequência de um comportamento, ou seja, que faça a pessoal (ou animal) emitir aquele comportamento mais vezes.
O reforço pode ser tanto positivo quanto negativo.
No caso do reforço positivo, ele ocorre quando a consequência de um comportamento é um novo estímulo. Em outras palavras, é como se a pessoa “ganhasse” algo pelo seu comportamento, como por exemplo uma criança que ganha um chocolate após completar o seu dever de casa.
Já o reforço negativo ocorre quando a consequência do comportamento é a retirada de um estímulo, como quando uma criança limpa seu quarto e guarda seus brinquedos para evitar ficar de castigo. Ou seja, a falta do castigo é o reforço negativo.
Punição
Já a punição é o contrário do reforço, sendo uma consequência que diminui a frequência de um comportamento. Assim como no reforço, a punição também pode ser positiva ou negativa.
Na punição positiva, a consequência do comportamento é algum estímulo desagradável, como levar sermão, apanhar ou até mesmo ser preso. Já na punição negativa, é feita a remoção de um estímulo agradável, como tirar o brinquedo favorito de uma criança.
O legado de Skinner
Skinner faleceu em 18 de agosto de 1990, após ter sido diagnosticado com leucemia em 1989. Dez dias antes de sua morte, deu uma palestra diante de um auditório lotado na American Psychological Association, recebendo também o prêmio de Contribuição Notável para a Psicologia.
Outros prêmios recebidos por Skinner foram Humanista do Ano (1972), Medalha de Ouro da American Psychological Association (1971), Medalha Nacional de Ciência do Presidente Lyndon B. Johnson (1968), entre outros.
Dentre suas principais obras publicadas, estão:
- O Comportamento dos Organismos (1938);
- Walden II (1948);
- Ciência e Comportamento Humano (1953);
- Comportamento Verbal (1957);
- Além da Liberdade e da Dignidade (1971).
Apesar de ter sido estudada primeiro em animais, a psicologia comportamental é uma das abordagens da psicologia que mais possui respaldo científico e até hoje ajuda milhares de pessoas a manter a saúde mental em dia. No entanto, não teríamos chegado até aqui sem a ajuda de grandes nomes como B. F. Skinner.
Se você sente que está precisando de ajuda psicológica, não hesite em entrar em contato com um profissional da saúde mental!
Referências
Fotografia de B. F. Skinner: shutterstock.com
https://www.verywellmind.com/b-f-skinner-biography-1904-1990-2795543
https://www.biography.com/scientists/bf-skinner
https://www.britannica.com/biography/B-F-Skinner
https://www.bfskinner.org/archives/biographical-information/
https://www.theguardian.com/education/2004/mar/12/highereducation.uk