Depressão pós-parto e blues puerperal: qual a diferença?

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O puerpério, período demarcado pelas mudanças no corpo da mulher após o parto, é um momento bastante delicado no qual ocorrem muitas mudanças hormonais. Neste sentido, é normal que o humor fique um tanto quanto instável até que o organismo se ajuste completamente.

Contudo, o humor de algumas mulheres pode acabar ficando mais negativo do que o normal e isso não necessariamente quer dizer que tem algo de errado com sua saúde mental.

Neste artigo, vamos abordar as duas causas principais de humor deprimido após o parto: o blues puerperal e a depressão pós-parto.

Blues puerperal

O blues puerperal, também conhecido como melancolia da maternidade ou baby blues, chega a afetar até 50% das novas mães. Trata-se de uma tristeza que surge lá pelo 3º até o 5º dia após o parto, porém costuma se resolver sozinha após algumas semanas e não necessita de tratamento.

Nesses dias, o humor se torna tão instável e depressivo possivelmente por conta de flutuações hormonais. Neste sentido, tanto as alterações nos hormônios sexuais (estrogênio e progesterona) quanto os hormônios da tireoide podem ser os “culpados”. Depois que o organismo da mulher entra em equilíbrio novamente após o parto, essa condição tende a desaparecer.

Os principais sintomas do blues puerperal são a vontade frequente de chorar, sensibilidade emocional, mudanças bruscas de humor, insegurança, ansiedade, insônia, entre outros. Todos esses sintomas estão presentes em uma depressão também, mas, no caso do blues puerperal, são mais leves e tendem a se resolver sozinhos.

Depressão pós-parto

Já a depressão pós-parto é um quadro mais complicado do que o blues puerperal. Ela se inicia geralmente após o nascimento do bebê, mas pode ter início alguns dias antes, dependendo do caso.

Em geral, pode-se pensar que a depressão pós-parto está relacionada à transição para a nova identidade de “mãe”, porém este não é o único fator em jogo. Pesquisadores acreditam que há fatores genéticos envolvidos, bem como um histórico prévio de transtorno mental aumenta as chances de uma mulher apresentar depressão pós-parto. Traumas e dificuldades durante a gravidez também contribuem para o desenvolvimento da condição.

A depressão pós-parto é bem mais perigosa que o baby blues, tanto para a mãe quanto para o bebê. Isso porque, na depressão, a mãe pode rejeitar o bebê, tendo dificuldade em formar o vínculo mãe-bebê e recusando-se a cuidar dele. Além disso, pensamentos de automutilação, agressão ao bebê e até mesmo suicídio são comuns.

É importante lembrar que a falta de apoio à mulher também influencia na manutenção da depressão pós-parto. A responsabilidade de cuidar de um bebê recém nascido é muito grande e uma mulher já fragilizada pelas flutuações hormonais e depressão certamente precisa de apoio de familiares e do parceiro, tanto para cuidar do bebê quanto para que haja alguma melhora emocional.

Além da intensidade dos sintomas, outra diferença entre a depressão de fato e o baby blues é que a depressão dura mais tempo não se resolve sozinha, sendo necessário tratamento com auxílio de profissionais de saúde mental.

Existe tratamento? Tem como evitar?

Infelizmente, o baby blues não pode ser evitado, pois ainda não se tem certeza sobre suas causas e até mesmo se elas podem ser tratadas. As mudanças hormonais são inevitáveis e necessárias para que o corpo arranje equilíbrio após o nascimento do bebê.

Já no caso da depressão pós-parto, saber se há fatores de risco e acompanhar com um profissional da saúde mental desde antes do parto pode ser uma boa estratégia. Caso a gravidez seja complicada ou já haja sintomas de depressão durante a gestação, é importante o acompanhamento da saúde mental da mãe.

Muitas mães que sofrem com depressão pós-parto também têm histórico pessoal ou familiar de depressão, o que pode ser considerado um outro fator de risco. Nesses casos, um acompanhamento prévio da saúde mental da gestante pode ajudar bastante.

Quando a depressão pós-parto surge, é necessário um tratamento adequado. Enquanto a mãe está amamentando, tudo que ela come pode passar para o leite e, por isso, alguns medicamentos são contraindicados. Por isso, o psiquiatra poderá receitar algum medicamento que seja seguro para lactantes.

Além disso, o acompanhamento com psicoterapia também pode auxiliar. O período após o parto é um período de mudanças não apenas corporais, como também psicológicas. Afinal, a mulher tem que lidar com o fato de que agora tem uma nova vida sob sua responsabilidade e isso nem sempre é tão bem recebido.

Muitas mulheres também têm uma visão idealizada da maternidade e a realidade pode ser cruel nessas situações. Pode ser necessária muita ajuda psicológica para lidar com o que realmente acontece quando se tem um bebê para cuidar.

O apoio da família é imprescindível para que a mulher consiga sair dessa. Cuidar do bebê e manter outras responsabilidades são tarefas que, muitas vezes, a mulher não consegue dar conta nesse período.

Além do apoio material, há a necessidade de apoio emocional. É importante evitar frases como “isso é uma bênção, você só tem motivos para ficar feliz”, porque apesar da mãe poder concordar, ela também acaba se sentindo culpada por não conseguir ficar tão feliz assim.

O nascimento de uma nova criança é, em grande parte das vezes, motivo de muita alegria em uma família. Contudo, nem sempre a mãe consegue acompanhar essa festa toda, e isso não é culpa dela. O baby blues e a depressão pós-parto são problemas reais que podem ser solucionados.

Se você conhece alguma nova mamãe que está passando por sintomas depressivos e não parece melhorar com o tempo, ela pode estar sofrendo com depressão pós-parto. Não se esqueça de oferecer ajuda para encontrar um profissional da saúde mental de confiança!

Referências

https://www.minhavida.com.br/familia/tudo-sobre/33246-baby-blues

https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Pos-parto/noticia/2015/01/depressao-pos-parto-e-baby-blues-entenda-diferenca.html

https://bebe.abril.com.br/familia/como-diferenciar-baby-blues-de-depressao-pos-parto/

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