O que é dissonância cognitiva?

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin

Primeiramente descrita por Leon Festinger em 1957, a dissonância cognitiva é um conceito extremamente importante para entender como as pessoas conseguem mudar de opinião e comportamento — muitas vezes em pouco tempo.

A dissonância cognitiva se refere a um mal estar provocado por um conflito entre o que uma pessoa pensa, o que sente e o que faz. É o caso da pessoa que se vê como honesta, mas se pega mentindo para não ter que dar maiores explicações, e depois acaba se sentindo mal por isso. Apesar de ser um momento de emoções desagradáveis, a dissonância cognitiva é uma importante ferramenta para o nosso crescimento pessoal.

Dissonância e a mudança de atitudes

Segundo Festinger, a dissonância cognitiva é a melhor maneira de se provocar uma mudança de atitude duradoura. Porém, antes de entender isso, é preciso explicar o conceito de atitudes.

A atitude é uma organização duradoura entre componentes afetivos, cognitivos e comportamentais. Ou seja, uma atitude é formada de acordo com o que você sente sobre alguma coisa (sendo a favor ou contra), o que você pensa sobre essa coisa e a maneira que você se comporta diante dessa coisa. Quando tudo isso está alinhado, há uma atitude. Se não, temos uma dissonância cognitiva.

Um exemplo de atitude é: eu sou contra mentiras (o que sinto), porque elas costumam prejudicar relações interpessoais (o que penso), por isso sempre digo a verdade (o que faço). Numa dissonância cognitiva, algum desses elementos (afetivo, cognitivo ou comportamental) estaria fora do lugar, por exemplo: eu sou contra mentira, porque elas costumam prejudicar relações interpessoais, mas menti para meus amigos pois não queria dar satisfações. Um outro exemplo, também frequente, é ter sentimentos negativos a respeito do tabagismo, pensar que fumar causa doenças e é melhor parar, mas continuar fumando mesmo assim.

Como a dissonância cognitiva tem um forte impacto no nosso emocional, somos forçados a mudar nossa atitude a respeito de algo para podermos ficar bem novamente. O fumante pode parar de fumar, a pessoa que mentiu para os amigos pode contar a verdade ou mudar sua opinião sobre mentiras: tudo bem em contar uma mentirinha pequena de vez em quando.

Dissonância Cognitiva no dia a dia

Como dito anteriormente, a dissonância cognitiva pode ser uma bela ferramenta para o crescimento pessoal. Neste momento, em que vemos um Brasil dividido entre dois pólos extremos do espectro político, entre um partido ou outro, diante das eleições, pode-se perceber tal fenômeno com mais clareza.

Atualmente, passamos por um período de pouca credibilidade aos candidatos para a presidência da república, e as pessoas se encontram confusas diante das eleições. As denúncias de corrupção faz com que sobre poucas alternativas para as pessoas que desejam votar em um político de nome e partido limpo.

A opinião de grande parte das pessoas, certamente, é “chega de corrupção”. Contudo, diversas mensagens espalhadas nas redes sociais dizem o seguinte: “Você é contra a corrupção, mas deixa seu colega entrar na tua frente, furando a fila. É contra, mas se o troco vem a mais, não devolve”, e assim por diante. Cada exemplo deixa a sensação de mal estar cada vez maior, fazendo com que a pessoa pare para refletir sobre seus próprios atos corruptos. Neste momento, podemos ver a dissonância cognitiva agindo de maneira a tornar a pessoa um pouco melhor: tomando consciência de seus atos, sendo contra a corrupção, ela pode corrigir essas ações e obter a congruência entre o que sente, o que pensa e o que faz.

De outra forma, a dissonância cognitiva está presente com frequência nos debates políticos. Duas pessoas, com diferentes visões, podem debater e causar uma situação de dissonância. Os argumentos podem ter diversas naturezas, mas a partir do momento em que a dissonância se inicia, é provável que algum dos indivíduos mude de opinião. Isso não quer dizer, necessariamente, que ele irá para o mesmo lado do outro indivíduo no espectro político, mas apenas que reconhece uma falha na sua atitude anterior.

Com isso, poderia ser possível tirar as pessoas desse extremismo dos polos, e trazê-las para uma visão mais abrangente. Por isso, os debates e discussões respeitosas entre pessoas com diferentes visões é extremamente importante.

Enquanto nós ficarmos apenas atacando uns aos outros por conta de suas convicções políticas, a possibilidade de conseguirmos chegar em algum lugar diferente é quase nula. Porém, a partir do momento em que um debate sério é feito, a dissonância cognitiva cuida do resto, e voltamos para a casa com a mente mais clara em relação ao que queremos de nossos políticos, dando um norte para as nossas escolhas.

Por isso, antes de revirar os olhos ao ver uma postagem sobre política daquele seu amigo que vai votar no candidato oposto ao seu, tente entender as propostas e conversar educadamente. Talvez isso mude algo em você, ou talvez no seu amigo, mas o importante é que o diálogo seja estabelecido, e todos terminem com cada vez mais conhecimento.

Referências

Rodrigues, A. (2012) Psicologia Social para principiantes: Estudo da interação humana. 14. ed. Petrópolis: Vozes.

Confira posts relacionados