Eletroconvulsoterapia (ECT): Indicações, tempo de tratamento

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A eletroconvulsoterapia (ECT) é uma técnica de neuromodulação usada para o tratamento de uma série de transtornos mentais quando estes não respondem adequadamente ao tratamento medicamentoso ou psicoterápico.

A técnica consiste na utilização de impulsos elétricos para provocar convulsões controladas no paciente, o que ajuda a restaurar o equilíbrio do fluxo de neurotransmissores no cérebro, aliviando sintomas.

É um tratamento de último recurso, pois não se trata de um tratamento barato e de fácil acesso, além de ser um pouco mais invasivo do que o simples uso de medicamentos no dia-a-dia. Contudo, é uma técnica segura que pode trazer bons resultados.

Para saber mais sobre a técnica, leia Eletroconvulsoterapia: o que é, como funciona, quais os riscos?

Neste artigo, você descobrirá quais são as principais indicações para a eletroconvulsoterapia, bem como informações a respeito da quantidade de sessões e duração do tratamento.

Quais são as indicações da eletroconvulsoterapia?

A ECT é frequentemente usada como uma última alternativa no tratamento de uma série de transtornos mentais. No entanto, nem sempre ela é uma última alternativa de fato (como no caso de pessoas gestantes, por exemplo).

Algumas das condições às quais a eletroconvulsoterapia é indicada são:

Depressão resistente

Apesar de a ciência ter avançado bastante e existirem muitas alternativas de medicamentos antidepressivos, nem todos funcionam igualmente bem para todas as pessoas.

Algumas pessoas apresentam o que se chama de depressão resistente (ou refratária), um tipo de depressão que não responde adequadamente a nenhuma medicação ou psicoterapia.

A pessoa inicia o tratamento com antidepressivos e, de início, eles até fazem efeito, mas alguns meses depois a pessoa se encontra na estaca zero. Nestes casos, acabam sendo feitos inúmeros ajustes da medicação para sempre voltar ao mesmo lugar.

Quando isso ocorre, pode-se pensar em uma depressão resistente que precisa ser tratada de outras formas.

Embora a ECT seja uma técnica que produz resultados por si só, nestes casos, ela também pode auxiliar no funcionamento adequado das medicações, ou seja, ela pode ser usada para potencializar o efeito dos medicamentos em pessoas que não respondem adequadamente.

Depressão em gestantes

O uso de antidepressivos durante a gestação deve ser feito com muita cautela, pois nem todos os medicamentos foram testados em gestantes e não se sabe se são seguros para o desenvolvimento do bebê.

Sendo assim, é necessário avaliar bem os riscos e benefícios do tratamento da depressão em gestantes com medicamentos. Em muitos casos, opta-se pela eletroconvulsoterapia que, quando realizada seguindo os protocolos de segurança, não apresenta riscos ao feto nem à mãe.

Depressão em idosos

Dependendo da idade, os efeitos colaterais comuns dos medicamentos podem não ser toleráveis. Nestes casos, muitas pessoas na terceira idade podem optar pelo tratamento com eletroconvulsoterapia.

Esquizofrenia

A esquizofrenia traz uma série de sintomas que podem prejudicar bastante o funcionamento do indivíduo. Ela foi uma das primeiras indicações da ECT, tendo em vista que os psiquiatras da década de 30 perceberam que a presença de convulsões nos pacientes indicava menos alucinações.

Atualmente, a técnica é usada para tratar não apenas alucinações, mas também estados de catatonia, caracterizados por uma falta de movimento ou movimentos rápidos e estranhos, além da falta de expressão verbal e falta de responsividade aos estímulos externos.

Transtorno bipolar

O transtorno afetivo bipolar é caracterizado por episódios depressivos e maníacos, sendo que seu tratamento pode ser bem complicado dependendo da severidade.

A ECT pode auxiliar tanto ajudando a tratar episódios depressivos, como é feito nas depressões resistentes, quanto em episódios maníacos, que podem vir acompanhados de sintomas psicóticos.

Pacientes de alto risco

O tratamento com a eletroconvulsoterapia tem efeitos mais imediatos do que o tratamento com antidepressivos convencionais. Portanto, quando uma pessoa está apresentando alto risco de suicídio, por exemplo, a eletroconvulsoterapia pode ser uma das primeiras alternativas indicadas.

Isso porque a medicação demora alguns dias para conseguir realmente ter efeitos significativos no cérebro. Enquanto isso, a ECT já possui efeitos logo após a primeira sessão. Estes efeitos não são duradouros, e a pessoa precisa voltar para mais sessões posteriormente, mas, em casos de ideação suicida grave, a ECT ajuda a tirá-la do perigo imediato.

Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)

O transtorno obsessivo-compulsivo, popularmente conhecido como TOC, é caracterizado pela presença de pensamentos intrusivos persistentes, chamados de obsessões, e a realização de compulsões e rituais para aliviar a angústia causada por esses pensamentos obsessivos.

Frequentemente, pessoas com TOC desenvolvem uma depressão como comorbidade, o que pode dificultar ainda mais o tratamento.

Estudos mostram que o tratamento da depressão comórbida em pessoas com TOC por meio da ECT é eficaz, e que a técnica também ajudou a aliviar um pouco os sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo em si.

No entanto, esta indicação ainda está em estudos e não é considerada uma indicação oficial, apenas experimental.

Quantas sessões de eletroconvulsoterapia são feitas?

Inicialmente, o paciente deve passar por 12 sessões antes de fazer uma reavaliação para definir se serão necessárias mais sessões ou não. Essas sessões podem ser feitas de duas a três vezes por semana, totalizando entre três e seis semanas de tratamento.

Caso o paciente apresente uma melhora significativa durante este tempo, as sessões podem ir ficando cada vez mais espaçadas, iniciando uma fase de manutenção dos resultados obtidos.

Caso não haja melhora significativa, fazem-se mais algumas sessões antes de realizar uma nova reavaliação.

Em geral, grande parte dos pacientes começam a apresentar melhoras significativas a partir da sexta (6ª) sessão de eletroconvulsoterapia, mas é necessário prosseguir com mais algumas sessões para manter essas melhoras.

Quanto tempo dura o tratamento com a eletroconvulsoterapia?

Não existe uma previsão certa da duração do tratamento com ECT, pois o tempo de duração do tratamento com a ECT varia de acordo com a resposta do paciente. Cada pessoa responde de maneiras diferentes e nem todas as pessoas vão precisar do mesmo tipo de tratamento para toda a vida.

Transtornos mentais, mesmo quando crônicos, são diferentes de outras enfermidades que possuem apenas uma via de tratamento.

Uma pessoa com hipertensão, por exemplo, precisa tomar cuidado com a alimentação e tomar os medicamentos hipertensivos corretamente pelo resto da vida.

Já uma pessoa com depressão, por exemplo, pode entrar em remissão e passar meses ou até mesmo anos sem qualquer tipo de tratamento. Porém, ao ter uma recaída, ela pode ser atendida de diversas maneiras.

Em alguns momentos, pode ser que apenas uma psicoterapia dê conta de aliviar os sintomas. Em outros, pode ser que o uso de medicamentos antidepressivos se faça necessário. E também há a possibilidade da pessoa acabar precisando de outros tipos de tratamento, como a ECT.

Da mesma forma, uma pessoa que se tratou com a ECT antes pode não precisar continuar o tratamento desta forma depois de alguns meses ou anos, bastando apenas o tratamento medicamentoso ou psicoterápico.

A eletroconvulsoterapia pode ser uma alternativa eficaz a diversos tipos de transtornos que não respondem aos tratamentos convencionais. Se você tem dúvidas ou acredita estar precisando de ajuda especializada, não hesite em contatar um profissional da saúde mental!

Referências

https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/electroconvulsive-therapy/about/pac-20393894

https://www.psychiatry.org/patients-families/ect

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4023099/

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