Um estudo recente publicado na revista Psychosomatic Medicine mostrou que a resposta de um indivíduo aos pequenos estresses diários pode afetar a saúde do cérebro, especialmente na terceira idade.
Já faz algum tempo que a comunidade médica sabe que o estresse tem efeitos negativos na saúde. O estresse crônico pode ajudar no desenvolvimento de diabetes, doença cardiovascular, disfunções sexuais e até mesmo transtornos mentais como a depressão, síndrome de burnout, transtorno de estresse pós-traumático e até mesmo esquizofrenia. Ele também pode contribuir para uma baixa na imunidade, que deixa o indivíduo mais suscetível a infecções.
No entanto, o que esse novo estudo encontrou é que não é o estresse em si que causa esses prejuízos, mas sim a nossa reação ao estresse. Situações estressantes como trânsito intenso ou esperar muito tempo em uma fila são normais no dia a dia e acontecem com todo mundo — se o estresse em si fosse responsável por essas consequências, dificilmente existiriam pessoas saudáveis. O que determina se o estresse vai afetar a saúde ou não é a maneira que reagimos a ele.
Sobre a pesquisa
O estudo foi conduzido por Robert Stawski na Oregon State University e durou cerca de 2 anos e meio. Participaram da pesquisa 111 idosos entre as idades 65 e 95 anos. Durante a pesquisa, os participantes tinham sua saúde cognitiva avaliada utilizando tarefas padronizadas a cada 6 meses. No total, os participantes concluíram essas tarefas cerca de 30 vezes.
As diferentes tarefas tinham por objetivo medir o tempo de resposta dos participantes, em busca de alguma inconsistência nesse tempo de resposta, o que indica uma saúde cerebral ruim e uma cognição prejudicada.
Sempre que os participantes iam executar as tarefas, os pesquisadores perguntavam sobre os estresses que haviam passado naquele dia, assim como estressores vivenciados pelos familiares e amigos próximos. Eles relataram quais foram seus sentimentos durante os momentos de estresse, se eram negativos ou positivos, e sua intensidade, além de sintomas físicos que vivenciaram no momento.
Resultados
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De uma maneira geral, a pesquisa demonstrou que pessoas que reagiam ao estresse com sentimentos negativos e de maior intensidade tinham mais inconsistências no tempo de resposta, o que indica que pode haver problemas na saúde do cérebro e na cognição.
Foi percebido, também, que há uma diferença nas idades: idosos mais velhos, entre seus 75 a 95 anos, demonstraram maiores déficits no funcionamento cognitivo do que os idosos mais novos que reagiram ao estresse de forma semelhante. Já os idosos entre 60 até os 75 anos pareciam ter certas vantagens no funcionamento cognitivo devido ao estresse.
Uma das possíveis explicações é que esses idosos mais jovens ainda levavam uma vida bastante ativa, com mais interações sociais, comprometimento profissional, entre outros fatores, o que auxilia a manter o funcionamento mental.
A sugestão é que pessoas mais velhas tomem certo cuidado com suas reações negativas ao estresse diário a fim de preservar o funcionamento cognitivo por mais tempo. É claro que não se pode evitar o estresse a todo momento, mas encará-lo de forma mais neutra ou positiva pode ajudar a manter-se saudável por mais tempo.
Sintomas do estresse
Existem alguns sintomas fortemente associados com o estresse. Dentre eles estão:
- Sensação de desgaste/fadiga;
- Alterações no sono;
- Músculos tensos;
- Alterações no apetite;
- Alterações no humor;
- Problemas de concentração, atenção e memória;
- Constipação ou diarreia;
- Náusea e tontura.
Caso você esteja vivenciando estes sintomas com frequência, busque diminuir os estressores na sua vida e contate um médico ou psicólogo de sua confiança. Esses sintomas também podem estar relacionados a outras condições médicas, então é importante buscar a ajuda de um profissional o quanto antes.
Técnicas para lidar com o estresse
Como dito anteriormente, o estresse está presente em nossas vidas diariamente, e não podemos fugir dele em grande parte dos casos. No entanto, é possível monitorar e melhorar a nossa resposta a esses eventos estressores a fim de melhorar a saúde. Para isso, existem algumas técnicas:
Respire fundo
A respiração é uma ótima forma de diminuir reações negativas aos eventos estressores. Respirar profundamente ajuda o cérebro a não se exaltar demais com as emoções negativas, de forma que o estresse fica bem mais controlado.
Pratique mindfulness
A técnica do mindfulness consiste em focar no momento presente, no aqui e no agora, sem julgamentos. Sendo assim, ela auxilia você a ver as coisas como elas são, sem interpretá-las em termos de boas ou más — diminuindo as respostas emocionais intensas ao estresse.
Ficou interessado? Leia mais em nosso post sobre mindfulness!
Planeje antecipadamente e prepare-se
Se você sabe que em determinado horário haverá muito trânsito, tente sair mais cedo de casa. Caso o evento estressor não seja evitável, prepare-se mentalmente para lidar com ele: tenha em mente que vai ser chato, mas você deve tentar não se prender nesses sentimentos.
Manter-se saudável
Levar uma vida com saúde aumenta a resistência aos estressores. Portanto, manter-se saudável é uma ótima maneira de lidar com o estresse diariamente. Adotar um estilo de vida saudável inclui dormir bem, alimentar-se saudavelmente, realizar atividades físicas, evitar substâncias prejudiciais e, claro, ter momentos de lazer e relaxamento.
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O estresse está presente na vida de todos nós, mas felizmente podemos diminuir os impactos dele na nossa saúde. Não é fácil, mas é possível. Se você anda se sentindo estressado e precisa de ajuda, não se esqueça de procurar um profissional da saúde mental de sua confiança!
Fonte
Medical News Today: “How you react to stress may predict brain health” (2018).