Não deixe de tomar seus remédios: dicas para aderência farmacológica

Deixar de tomar os medicamentos psiquiátricos pode ter consequências bastante significativas. Veja aqui algumas estratégias para melhorar sua aderência ao tratamento!
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Os medicamentos psiquiátricos podem ajudar muito na recuperação da qualidade de vida quando se sofre de algum transtorno mental. Embora os medicamentos não sejam capazes de curar a enfermidade, eles são de extrema importância para controle dos sintomas, que por vezes podem ser limitantes, impedindo uma pessoa de levar uma vida funcional.

No entanto, não é raro que algumas pessoas tenham dificuldades em aderir ao tratamento adequadamente. Sendo uma medicação de uso contínuo e muitas vezes crônico, é importante entender porquê essa aderência se torna tão complicada e quais são as formas mais eficazes de manter o tratamento em dia.

Por que as pessoas acabam parando de tomar o remédio?

Existem vários motivos pelos quais as pessoas podem acabar deixando de fazer o uso dos remédios psiquiátricos, ainda que eles estejam fazendo o efeito desejado. Dentre estes motivos estão:

  • Dificuldade em se lembrar de tomar os medicamentos todos os dias;
  • Presença de efeitos colaterais indesejados;
  • Resistência a possibilidade de tomar remédios por longos períodos de tempo, como meses e até mesmo anos;
  • Dificuldade de acesso às prescrições ou a farmácias que vendem os medicamentos prescritos.

Embora nem todos esses pontos possam ser realmente resolvidos, há alguns problemas que podem ser combatidos com algumas estratégias simples.

Estratégias para melhorar a aderência ao tratamento

Algumas das principais estratégias para ajudar uma pessoa a tomar os remédios de forma adequada são:

Associar o medicamento a algo que se faz todos os dias

Frequentemente, psiquiatras instruem os pacientes a tomar os medicamentos todos os dias no mesmo horário, como junto do café da manhã ou antes de dormir. Essa é a forma mais simples de sempre lembrar de tomar a medicação: associando a momentos e rituais diários.

Uso de alarmes despertadores e lembretes eletrônicos

Caso você seja o tipo de pessoa que não tem uma rotina certa, podendo tomar café da manhã em horários diferentes, bem como indo dormir em horários arbitrários, uma boa pedida é usar alarmes despertadores ou até mesmo lembretes eletrônicos para lembrar-se de tomar a medicação todos os dias no mesmo horário.

Você pode configurar um alarme despertador em seu celular com um título como “Hora da medicação” ou o nome dos remédios (caso tome mais de um remédio em horários diferentes), bem como configurar assistentes eletrônicas (como a Alexa, da Amazon) para enviar um lembrete todos os dias no mesmo horário.

Deixar a medicação à vista

Algumas pessoas podem acabar esquecendo de tomar os medicamentos mesmo quando usam alarmes e lembretes, caso a medicação não esteja à vista. Não é raro que a pessoa desligue o alarme e acabe esquecendo logo em seguida o que precisava fazer.

Portanto, deixar os remédios sempre à vista de fácil acesso é uma boa pedida. Se você trabalha home office, por exemplo, deixar a medicação na mesa de trabalho pode ajudar na adesão ao tratamento.

Se você tem esse problema, por mais que pareça desorganização, é de extrema importância deixar a medicação à vista ao invés de deixar guardada em um armário de medicamentos que ficam longe da vista.

Vale ressaltar que é importante ter cuidado redobrado com essa dica caso haja crianças ou pets em casa, sendo interessante buscar um lugar que esteja à vista mas, ao mesmo tempo, não esteja ao alcance de crianças ou animais que podem tomar a medicação por engano.

Usar um planner, agenda, diário ou mapa de medicação

Utilizar planners, agendas ou diários para monitorar a medicação pode ajudar bastante a manter o tratamento em dia.

Outra possibilidade é o uso de um mapa de medicação, no qual você escreve o nome dos medicamentos e anota em que horário deve tomá-lo, deixando-o sempre em algum lugar visível, como fixado na geladeira por ímãs.

Psicoeducação e conhecimento acerca dos medicamentos

Para algumas pessoas, a questão não é nem tanto o esquecimento, mas sim uma certa resistência a tomar medicamentos psiquiátricos, especialmente por longos períodos de tempo.

Medo e receio de efeitos colaterais, bem como a crença de que as pessoas se tornam dependentes dos medicamentos (o que acontece em poucos casos, com medicamentos específicos), são questões que influenciam muito na hora de aderir ao tratamento.

Por isso, entender melhor sobre os medicamentos tomados e sobre os sintomas que estão sendo tratados pode ser de grande ajuda para aumentar as chances de aderência ao tratamento. Se você tem dúvidas, pergunte ao psiquiatra responsável acerca dos medicamentos, seus mecanismos de ação, porquê a escolha daquele medicamento etc.

Não esqueça de relatar eventuais efeitos colaterais indesejados que podem estar causando prejuízos significativos no seu dia-a-dia.

Leia mais: Mitos e verdades sobre antidepressivos

Acompanhamento psicoterapêutico

Embora o objetivo da psicoterapia não esteja necessariamente vinculado ao tratamento medicamentoso, é interessante comentar com o psicólogo sobre os remédios.

Isso pode ajudar não apenas na adesão ao tratamento de forma correta, mas também ajuda a observar e monitorar melhoras, pioras, possíveis efeitos colaterais, entre outros.

Retorno ao psiquiatra no tempo adequado

Receitas psiquiátricas precisam ser renovadas com uma determinada frequência. Portanto, é necessário marcar o retorno ao psiquiatra no tempo adequado, para evitar de ficar sem medicação por não ter renovado a receita a tempo.

Entender a motivação por trás do tratamento

Para algumas pessoas, a ideia de tomar medicamento não faz sentido. Isso porque a pessoa não consegue entender a motivação por trás do tratamento ou não consegue identificar os benefícios de seguir o tratamento adequadamente.

Nestes casos, é interessante investigar quais são as expectativas em relação ao tratamento, quais as necessidades que devem ser atendidas, bem como aprender a identificar as mudanças que ocorrem ao fazer o uso da medicação.

Isso pode ser feito por meio da psicoeducação, compreendendo melhor os efeitos da medicação, discutindo a motivação do tratamento com um psicólogo ou conversando com o psiquiatra responsável.

Relatar efeitos colaterais ao médico

Quando a não adesão ocorre pela presença de efeitos colaterais muito prejudiciais, é importante relatar ao médico ao invés de simplesmente parar o tratamento.

Isso porque o psiquiatra pode buscar alternativas à medicação sendo usada, tentar outras dosagens que não provocam os mesmos efeitos colaterais, ou até mesmo prescrever outros medicamentos que controlam esses efeitos colaterais caso não seja possível trocar a medicação diretamente.

Lembre-se: o tratamento é para ajudar a melhorar a qualidade de vida, e não piorá-la. Caso o tratamento esteja trazendo efeitos colaterais prejudiciais e limitantes, é importante discutir com o psiquiatra a possibilidade de ajustes, bem como pesar os prós e contras de dar continuidade ao tratamento caso chegue nesse dilema.

Evitar o uso de substâncias

O uso de substâncias como álcool e substâncias ilícitas pode atrapalhar significativamente o tratamento.

Além de que algumas substâncias interagem diretamente com a medicação, podendo diminuir sua eficácia bem como gerar efeitos colaterais perigosos, há também substâncias que podem trazer mudanças na rotina, prejudicando a capacidade de manter a medicação em dia.

Pessoas que fazem o uso de substâncias que podem causar danos cognitivos, provocando esquecimento, estão mais suscetíveis a não tomar a medicação no horário adequado.

Além disso, substâncias que podem provocar sedação ou apagões pode fazer com que a pessoa pule doses da medicação sem perceber.

Peça ajuda de familiares e amigos

Se mesmo com tudo isso você tem dificuldades em lembrar de tomar o remédio de forma adequada, é possível pedir ajuda de familiares que moram junto ou até mesmo de amigos com quem tem contato diário.

Pedir para que essas pessoas te ajudem a lembrar, caso elas estejam dispostas, pode ser bastante benéfico. É importante lembrar que é uma responsabilidade sua, porém, pessoas próximas podem se dispor de bom grado a ajudar, cobrando diariamente ou até mesmo lembrando de marcar as consultas psiquiátricas para renovar receitas.

Consequências de não seguir o tratamento

Ao não seguir o tratamento de forma adequada, podem surgir diversas consequências. Dentre elas:

  • Prolongamento do tempo de adaptação à medicação, aumentando também a duração de intensidade dos efeitos colaterais;
  • Presença de sintomas de abstinência ao não tomar as doses na frequência adequada;
  • Aumento da recorrência de sintomas e episódios de humor;
  • Possível aumento da intensidade de episódios de humor;
  • Aumento da ideação suicida e tentativas de suicídio.

A utilização de medicamentos pode ser muito importante para recuperar a qualidade de vida ao estar sofrendo com algum transtorno mental.

Da mesma forma que as pessoas tomam medicação para enfermidades físicas de forma crônica, o tratamento de transtornos mentais muitas vezes requer que a pessoa faça o uso de remédios de forma adequada durante meses, anos ou, até mesmo, pelo resto da vida.

Portanto, aprender a manter o tratamento em dia com uma boa aderência farmacológica é imprescindível para a melhora do quadro de muitas pessoas.

Se você está sofrendo com sintomas psiquiátricos, não hesite em procurar um profissional da saúde mental! E se por acaso você já faz tratamento e acompanhamento psiquiátrico, não esqueça de comentar com o médico responsável sobre possíveis dificuldades que você encontra ao longo do tratamento, para assim conseguir fazer os ajustes necessários e garantir uma melhor adesão.

Referências

https://blog.jaleko.com.br/o-que-posso-fazer-para-o-meu-paciente-aderir-ao-tratamento/
https://www.abrata.org.br/o-que-fazer-quando-o-portador-nao-aceita-o-tratamento/

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