O que é magnetoconvulsoterapia?

Uso de pulsos magnéticos para o tratamento da depressão pode ser regulamentado em breve. Entenda!
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No imaginário popular, o tratamento psiquiátrico dos transtornos mentais está muito atrelado à medicação. Contudo, nem todas as pessoas respondem bem aos tratamentos farmacológicos convencionais e, por isso, novas técnicas estão sendo desenvolvidas diariamente para atender uma parcela da população que precisa de alternativas.

É neste contexto que surgem as técnicas de neuromodulação. Estas técnicas promovem alterações no funcionamento cerebral que, por sua vez, trazem alívio aos sintomas dos transtornos. Uma destas técnicas sendo estudada atualmente é a magnetoconvulsoterapia, que você irá conhecer melhor nos próximos parágrafos.

O que é magnetoconvulsoterapia?

A magnetoconvulsoterapia é uma técnica de neuromodulação que utiliza pulsos magnéticos de alta frequência a fim de gerar convulsões controladas que auxiliam no equilíbrio dos neurotransmissores.

Trata-se de uma técnica semelhante à eletroconvulsoterapia (ECT), popularmente conhecida como “eletrochoque”. Contudo, evidências apontam que a magnetoconvulsoterapia traz menos efeitos colaterais que a ECT, em especial no que tange prejuízos cognitivos.

Atualmente, mesmo feita de forma humanizada, a ECT ainda produz alguns efeitos colaterais indesejáveis, como perda de memória, prejuízos na atenção e uma breve desorientação após o procedimento.

De acordo com as pesquisas atuais, a magnetoconvulsoterapia se apresenta eficaz no tratamento de episódios depressivos, porém com menos efeitos colaterais cognitivos.

Embora seu uso ainda seja restrito à pesquisa em caráter experimental, espera-se que, em breve, a técnica seja regulamentada e esteja disponível para pacientes que não respondem bem aos tratamentos convencionais, como a medicação e a psicoterapia.

Como funciona a magnetoconvulsoterapia?

Assim como na eletroconvulsoterapia, a magnetoconvulsoterapia produz convulsões controladas no paciente, o que ajuda a equilibrar o fluxo de neurotransmissores.

Os neurotransmissores podem ser descritos como mensageiros químicos do cérebro, que passam as informações de um neurônio para o outro. Cada neurotransmissor tem características próprias que resultam em mensagens diferentes sendo transmitidas.

A serotonina, por exemplo, é o neurotransmissor responsável pela regulação do humor, do sono, da libido, entre outros. Por isso, quando se trata de um quadro depressivo, a atuação das medicações e outros tratamentos busca atuar justamente nesse neurotransmissor, combatendo os sintomas da depressão.

Enquanto a medicação trabalha aumentando a disponibilização destes neurotransmissores no cérebro, as técnicas de neuromodulação baseadas em convulsões controladas trazem a ideia de que, com a convulsão, o cérebro dá uma “limpada” nas vias de transmissão desses neurotransmissores, permitindo que eles possam voltar a trafegar sem maiores obstáculos.

É como se, numa tarde com muito trânsito, todos os carros fossem recolhidos das ruas (convulsão) e, depois, saem de suas garagens de forma organizada para evitar engarrafamentos novamente.

Contudo, essas convulsões não trabalham apenas na serotonina, como citado anteriormente. De fato, sua ação é não específica, ou seja, tende a afetar uma série de neurotransmissores e outras substâncias que por ventura estão circulando pelo cérebro.

Indicações da magnetoconvulsoterapia

No momento, essa técnica está sendo estudada em caráter experimental e se mostrou eficaz no tratamento de sintomas ansiosos.

Contudo, estima-se que ela possa ser eficaz também em outros transtornos que já são tratados por meio da eletroconvulsoterapia, como é o caso do transtorno afetivo bipolar e a esquizofrenia.

Assim como na ECT, estima-se que a magnetoconvulsoterapia também possa ser uma alternativa para pacientes em crises suicidas, pois seus efeitos são imediatos, bem como para pacientes que não podem fazer o uso das medicações convencionais por alguma razão, tal como idade ou gravidez.

Em alguns casos, a ECT é realizada em conjunto com a farmacoterapia, ou seja, o paciente não deixa de tomar as medicações e a técnica na realidade ajuda a medicação a fazer o efeito desejado. Portanto, pode-se pensar que, em algum momento, o uso da magnetoconvulsoterapia também poderá ser feito em conjunto com a medicação para atingir a maior eficácia possível.

A magnetoconvulsoterapia está disponível para todos?

No momento, o tratamento por magnetoconvulsoterapia ainda está em vias de ser regulamentado no Brasil e, portanto, não está disponível para o público geral.

Contudo, o tratamento já é realizado em caráter experimental em clínicas de universidades.

Após a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a técnica poderá ser aberta para o público geral. Mesmo assim, seu uso deve ficar restrito a pessoas que já tentaram outros tratamentos convencionais anteriormente e não apresentaram resultados.

Isso porque os tratamento convencionais (medicação e psicoterapia) são de mais fácil acesso e maior praticidade, pois o paciente pode fazer o tratamento em casa e não ocupa tanto tempo de sua rotina.

Já nos tratamentos de neuromodulação, como é o caso da magnetoconvulsoterapia, o tratamento precisa ser ambulatorial, ou seja, o paciente precisa se locomover até o hospital ou clínica para receber o tratamento. Além do tempo de locomoção, a técnica em si é feita em diversas sessões que utilizam de vários minutos até horas da rotina do indivíduo, o que pode ser prejudicial para outras áreas da sua vida, como estudo e carreira.

Portanto, trata-se de um tratamento mais específico para pessoas que realmente não responderam adequadamente aos tratamentos convencionais e que também tenham a disponibilidade necessária para a realização das sessões, o que não é uma realidade para muitas pessoas.

Embora ainda seja uma técnica em estudos, as evidências atuais mostram um futuro promissor para a magnetoconvulsoterapia.

É importante ressaltar que se você se identifica com os sintomas de algum transtorno mental ou sente que está precisando de uma ajuda, não hesite em contatar um profissional da saúde mental!

Referências

https://jornal.usp.br/ciencias/tratamento-de-depressao-grave-com-campos-eletromagneticos-sera-testado-na-usp/
https://portal.secad.artmed.com.br/doi/artigo/magnetoconvulsoterapia-desenvolvimento-e-perspectivas-futuras
https://g1.globo.com/bemestar/viva-voce/noticia/2020/10/15/usp-ira-iniciar-testes-para-o-tratamento-de-depressao-grave-com-campos-eletromagneticos.ghtml

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