A síndrome de burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, é uma condição que causa exaustão extrema relacionada ao trabalho. Ela afeta a saúde mental, emocional e física do indivíduo e é mais comum em profissões que exigem alta pressão, como médicos, policiais, jornalistas e publicitários.
O Que é a Síndrome de Burnout?
A síndrome de burnout é caracterizada por um desgaste emocional que pode ser confundido com estresse ou depressão. Os sintomas geralmente se manifestam de forma gradual, começando com sinais leves que podem ser ignorados. Com o tempo, esses sintomas se agravam, tornando-se um quadro crônico que pode levar anos para se desenvolver.
Uma das características marcantes dessa síndrome é a sensação de baixa realização pessoal. Mesmo em um trabalho que antes trazia satisfação, o indivíduo pode sentir que não há mais prazer ou significado em suas atividades, resultando em queda na produtividade e absenteísmo.
Embora frequentemente associada a profissões de alta pressão, a síndrome de burnout pode afetar pessoas em qualquer área.
Burnout vs. Estresse
É importante diferenciar burnout de estresse. O estresse é uma resposta normal do corpo a situações desafiadoras, que pode resultar em cansaço ao final do dia. Já o burnout é uma condição crônica que não se resolve com descanso, e seus sintomas são muito mais severos, frequentemente exigindo afastamento do trabalho.
Causas e Fatores de Risco
As causas da síndrome de burnout não são completamente claras, mas acredita-se que envolvem uma combinação de fatores individuais, sociais e organizacionais. Alguns fatores de risco incluem:
- Baixa valorização profissional
- Trabalhar com o público
- Cargas horárias excessivas
- Alta pressão no ambiente de trabalho
- Expectativas excessivas
- Competitividade intensa
- Necessidade de demonstrar alto desempenho
Sintomas da Síndrome de Burnout
Os sintomas da síndrome de burnout podem ser divididos em 3 dimensões:
- Exaustão emocional: O indivíduo não tem energia nem entusiasmo para trabalhar, além de sentir que seus recursos para realizar as tarefas estão esgotados;
- Despersonalização: Condição na qual a pessoa parece distanciar-se de si mesma, fazendo as coisas de maneira automática e tratando os clientes e colegas de trabalho como se fossem objetos, desprovidos de sentimentos;
- Diminuição da realização pessoal no trabalho: A pessoa se sente infeliz com seu desenvolvimento profissional e avalia seu trabalho e a si mesmo de maneira negativa.
Essas 3 dimensões são características bem marcantes do burnout, mas existem muitos outros sintomas que podem aparecer, como:
- Cansaço físico e mental persistente;
- Dores de cabeça;
- Alterações no apetite e nos padrões de sono;
- Dificuldades de concentração;
- Sentimentos de incompetência, derrota, insegurança, entre outros;
- Problemas gastrointestinais;
- Dores musculares;
- Pressão alta e alterações no batimento cardíaco;
- Isolamento.
Como dito anteriormente, os sintomas iniciam de maneira insidiosa, então pode demorar até que a pessoa perceba todos esses sintomas. Um exemplo de como os sintomas podem aparecer é o seguinte:
Paulo (nome fictício) gosta muito do seu trabalho e passa horas e horas a mais no escritório. No começo, parece ser apenas um entusiasmo normal de estar trabalhando com algo que se gosta, mas logo as coisas começam a piorar. Com o tempo, Fulano deixa de sair com os amigos e até mesmo de cuidar de si mesmo, dedicando seu tempo quase que integralmente ao trabalho.
Ele não percebe que aquilo está fazendo mal a ele, mas com o tempo começa a ter problemas para se concentrar no que está fazendo, e percebe que seu trabalho pode não estar sendo tão valorizado assim. Percebe que não recebe mais tantos elogios do chefe, questiona se seu trabalho está bom e começa a se achar incapaz de desenvolver um bom trabalho.
Com o tempo, o comportamento de Fulano muda até no trabalho. Ele passa a não ter paciência com os colegas de trabalho, seu rendimento cai, por vezes começa a faltar por conta de dores no corpo que surgiram inexplicavelmente. Sente, também, uma tristeza profunda e até chega a cogitar sair do emprego ou área em que trabalha.
Nesse momento, é de extrema importância que o indivíduo procure ajuda profissional. Caso não seja tratado, os sintomas tendem a piorar e podem levá-lo até mesmo à ideação suicida.
Vale lembrar que os sintomas podem variar de pessoa para pessoa. Pode ser que, para uma pessoa, predomine os sintomas depressivos (autodepreciação, tristeza, fadiga etc.), enquanto, para outra, os sintomas físicos podem ser mais relevantes.
Diagnóstico e tratamento
A síndrome de burnout não consta no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais e, por isso, não é um diagnóstico oficial. No entanto, é importante consultar um psiquiatra para ter certeza que se trata da síndrome, e não de algum outro transtorno mental.
O tratamento é feito com psicólogo e, algumas vezes, antidepressivos receitados pelo psiquiatra. Não raramente, o indivíduo precisa se afastar do trabalho e nem sempre é possível retomá-lo. Algumas pessoas preferem mudar sua área de atuação profissional após o diagnóstico.
Em um primeiro momento, o psicólogo deverá incentivar atividades não relacionadas ao trabalho, como sair com os amigos, passar mais tempo com a família, entre outros. O paciente deve organizar melhor sua rotina, caso continue empregado, para não passar horas demais trabalhando.
É possível prevenir a síndrome de burnout?
Como trabalhar é algo inevitável para a maioria das pessoas e é o motivo pelo qual a síndrome se desenvolve, pode parecer impossível prevenir o problema. No entanto, não é bem assim. Aqui vão algumas dicas:
- É ótimo fazer o que ama, mas aproveite os momentos fora do horário de expediente para fazer outras coisas, como cuidar de si mesmo, sair com os amigos, fazer exercícios físicos, enfim. Qualquer coisa que não esteja relacionada ao seu trabalho;
- Evite consumir álcool e outras drogas para lidar com os sentimentos que podem surgir devido a um dia ou uma semana estressante no trabalho. Essas substâncias só pioram a saúde mental, podendo contribuir para o burnout;
- Esteja sempre atento aos efeitos que o seu trabalho tem sobre você. Se você costuma pensar demais no trabalho, mesmo em momentos que não deveria, é importante avaliar se você não está se doando demais para o trabalho. Às vezes, todo esse esforço não é necessário.
- Se você sente que seu trabalho está muito pesado, veja se existe alguma possibilidade de mudar um pouco a maneira que você trabalha, seus horários etc.A síndrome de burnout está se tornando cada vez mais comum e pode afetar gravemente a vida profissional e pessoal. Se você está enfrentando sintomas de burnout, é fundamental procurar ajuda de um médico ou psicólogo.
Referências
- Carlotto, M. S. (2002). A síndrome de burnout e o trabalho docente. Psicologia em Estudo, 7(1), 21-29. Maringá.
- Ministério da Saúde. Síndrome de Burnout.