Síndrome de burnout: O que é, tratamento e prevenção

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Também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, a síndrome de burnout é uma condição na qual o indivíduo vivencia exaustão extrema devido ao trabalho. Essa condição afeta o indivíduo tanto mental e emocionalmente quanto fisicamente. É mais comum em profissionais que trabalham sob pressão, como profissionais da saúde, policiais, jornalistas, publicitários, entre outros.

Por ser um transtorno com sintomas difusos — que se assemelham tanto aos sintomas do estresse quanto da depressão —, é difícil que a pessoa perceba logo no começo que está passando por alguma coisa fora do comum. Ela pode confundir as sensações com outras condições, inclusive com o estresse e cansaço normal de final de expediente.

Além disso, o transtorno surge de maneira insidiosa, ou seja, aos poucos. De início, os sintomas são leves e o indivíduo pode até acreditar que se trata de uma situação passageira, mas não é. Trata-se de um quadro crônico. A evolução do quadro pode demorar anos, mas os sintomas se tornam progressivamente mais severos.

Uma característica marcante da síndrome de burnout é a baixa realização pessoal no trabalho. O indivíduo não tem mais nenhum tipo de prazer no trabalho, mesmo se for no emprego dos sonhos, e não vê mais sentido em continuar trabalhando naquilo. Isso leva a diversos prejuízos como queda na produção, absenteísmo (faltar ao trabalho com frequência por conta dos sintomas da síndrome).

Vale lembrar que, ainda que essa condição esteja associada a profissionais que vivenciam um grande estresse diariamente (médicos, policiais, professores), a síndrome de burnout pode acontecer que pessoas de todas as áreas.

O nome burnout significa “queimar por inteiro”, referindo-se ao esgotamento físico, emocional e mental associado à condição.

Burnout vs. estresse

O estresse é uma resposta normal do organismo a eventos estressores, ou seja, eventos que prejudicam o bem-estar do indivíduo. É normal vivenciar estresse no trabalho, e o resultado disso é o cansaço físico e mental no final do expediente. Tudo isso está dentro da normalidade.

Quando o estresse é crônico, ou seja, a pessoa está constantemente estressada por causa do trabalho, é quando a síndrome do burnout começa a aparecer. Essa síndrome é crônica, ou seja, não passa com uma boa noite de sono ou um final de semana descansando na praia, coisas que ajudam a combater o estresse normal.

Os sintomas da síndrome também são muito mais severos e o indivíduo que sofre com ela acaba esgotado mental e fisicamente, sendo muitas vezes necessário afastar-se do trabalho.

Causas e fatores de risco

Não existem causas muito claras da síndrome de burnout, mas acredita-se que está relacionado com fatores individuais, sociais e organizacionais. Um fator de risco bem conhecido para a síndrome é a baixa valorização profissional. Outros fatores de risco incluem:

  • Trabalhar com pessoas;
  • Trabalhos com grande carga horária;
  • Trabalhos em ambientes com muita pressão;
  • Ter muitas expectativas em relação ao trabalho;
  • Dedicar-se demasiadamente à vida profissional;
  • Ser muito competitivo no ambiente de trabalho;
  • Necessidade de demonstrar alto desempenho nas tarefas executadas.

Sintomas da síndrome de burnout

Os sintomas da síndrome de burnout podem ser divididos em 3 dimensões:

  • Exaustão emocional: O indivíduo não tem energia nem entusiasmo para trabalhar, além de sentir que seus recursos para realizar as tarefas estão esgotados;
  • Despersonalização: Condição na qual a pessoa parece distanciar-se de si mesma, fazendo as coisas de maneira automática e tratando os clientes e colegas de trabalho como se fossem objetos, desprovidos de sentimentos;
  • Diminuição da realização pessoal no trabalho: A pessoa se sente infeliz com seu desenvolvimento profissional e avalia seu trabalho e a si mesmo de maneira negativa.

Essas 3 dimensões são características bem marcantes do burnout, mas existem muitos outros sintomas que podem aparecer, como:

  • Cansaço físico e mental persistente;
  • Dores de cabeça;
  • Alterações no apetite e nos padrões de sono;
  • Dificuldades de concentração;
  • Sentimentos de incompetência, derrota, insegurança, entre outros;
  • Problemas gastrointestinais;
  • Dores musculares;
  • Pressão alta e alterações no batimento cardíaco;
  • Isolamento.

Como dito anteriormente, os sintomas iniciam de maneira insidiosa, então pode demorar até que a pessoa perceba todos esses sintomas. Um exemplo de como os sintomas podem aparecer é o seguinte:

Paulo (nome fictício) gosta muito do seu trabalho e passa horas e horas a mais no escritório. No começo, parece ser apenas um entusiasmo normal de estar trabalhando com algo que se gosta, mas logo as coisas começam a piorar. Com o tempo, Fulano deixa de sair com os amigos e até mesmo de cuidar de si mesmo, dedicando seu tempo quase que integralmente ao trabalho.

Ele não percebe que aquilo está fazendo mal a ele, mas com o tempo começa a ter problemas para se concentrar no que está fazendo, e percebe que seu trabalho pode não estar sendo tão valorizado assim. Percebe que não recebe mais tantos elogios do chefe, questiona se seu trabalho está bom e começa a se achar incapaz de desenvolver um bom trabalho.

Com o tempo, o comportamento de Fulano muda até no trabalho. Ele passa a não ter paciência com os colegas de trabalho, seu rendimento cai, por vezes começa a faltar por conta de dores no corpo que surgiram inexplicavelmente. Sente, também, uma tristeza profunda e até chega a cogitar sair do emprego ou área em que trabalha.

Nesse momento, é de extrema importância que o indivíduo procure ajuda profissional. Caso não seja tratado, os sintomas tendem a piorar e podem levá-lo até mesmo à ideação suicida.

Vale lembrar que os sintomas podem variar de pessoa para pessoa. Pode ser que, para uma pessoa, predomine os sintomas depressivos (autodepreciação, tristeza, fadiga etc.), enquanto, para outra, os sintomas físicos podem ser mais relevantes.

Diagnóstico e tratamento

A síndrome de burnout não consta no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais e, por isso, não é um diagnóstico oficial. No entanto, é importante consultar um psiquiatra para ter certeza que se trata da síndrome, e não de algum outro transtorno mental.

O tratamento é feito com psicólogo e, algumas vezes, antidepressivos receitados pelo psiquiatra. Não raramente, o indivíduo precisa se afastar do trabalho e nem sempre é possível retomá-lo. Algumas pessoas preferem mudar sua área de atuação profissional após o diagnóstico.

Em um primeiro momento, o psicólogo deverá incentivar atividades não relacionadas ao trabalho, como sair com os amigos, passar mais tempo com a família, entre outros. O paciente deve organizar melhor sua rotina, caso continue empregado, para não passar horas demais trabalhando.

É possível prevenir a síndrome de burnout?

Como trabalhar é algo inevitável para a maioria das pessoas e é o motivo pelo qual a síndrome se desenvolve, pode parecer impossível prevenir o problema. No entanto, não é bem assim. Aqui vão algumas dicas:

  • É ótimo fazer o que ama, mas aproveite os momentos fora do horário de expediente para fazer outras coisas, como cuidar de si mesmo, sair com os amigos, fazer exercícios físicos, enfim. Qualquer coisa que não esteja relacionada ao seu trabalho;
  • Evite consumir álcool e outras drogas para lidar com os sentimentos que podem surgir devido a um dia ou uma semana estressante no trabalho. Essas substâncias só pioram a saúde mental, podendo contribuir para o burnout;
  • Esteja sempre atento aos efeitos que o seu trabalho tem sobre você. Se você costuma pensar demais no trabalho, mesmo em momentos que não deveria, é importante avaliar se você não está se doando demais para o trabalho. Às vezes, todo esse esforço não é necessário.
  • Se você sente que seu trabalho está muito pesado, veja se existe alguma possibilidade de mudar um pouco a maneira que você trabalha, seus horários etc.
  • A síndrome de burnout está cada dia mais comum, prejudicando a vida profissional de muitas pessoas. Se não tratada, o indivíduo pode vir a apresentar diversos problemas, incluindo um quadro depressivo. Se você sente que está passando por algo assim, procure um médico ou psicólogo de sua confiança.Referências

    Carlotto, M. S. (2002). A síndrome de burnout e o trabalho docente. Psicologia em Estudo, 7(1). 21-29. Maringá.

    http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental/sindrome-de-burnout

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