Transtornos ansiosos: O que são? Como tratar?

Ansiedade em demasia pode ser sinal de um transtorno ansioso, que pode causar prejuízos significativos. Entenda!
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin

A ansiedade está presente na vida de todos nós e pode se manifestar de diversas formas. No entanto, quando ela surge sem motivos aparentes ou se torna muito intensa a ponto de prejudicar o dia-a-dia, podemos estar falando de um transtorno de ansiedade, um tipo de transtorno mental que pode necessitar tratamento psicológico e psiquiátrico.

Os transtornos ansiosos são o tipo de transtorno mental mais comum, chegando a afetar até 30% dos adultos em algum momento em suas vidas. Felizmente, existem diversos tipos de tratamento bastante efetivos para tais transtornos, permitindo que as pessoas acometidas por eles possam levar uma vida funcional.

O que é ansiedade?

A ansiedade é uma reação fisiológica natural que está relacionada a antecipação de uma ameaça futura. Trata-se de um fenômeno normal que foi desenvolvido para dar ao ser humano uma certa vantagem evolutiva, ao conseguir prever situações de perigo e se preparar com antecedência para essas situações.

Em geral, a ansiedade se manifesta na forma de tensão muscular e comportamentos que buscam evitar o perigo futuro, seja ele real ou imaginado. Neste sentido, uma pessoa ansiosa em relação a uma prova, por exemplo, irá tentar evitar maus resultados, exibindo o comportamento de estudar com mais frequência ou de tentar colar na prova.

O que são transtornos de ansiedade?

Os transtornos ansiosos ocorrem quando a ansiedade se torna tão intensa e frequente que passa a se tornar uma dificuldade para enfrentar o dia-a-dia.

Sintomas como nervosismo, preocupação, medo, suor frio e palpitações são sintomas normais da ansiedade que, quando patológica, podem se apresentar em momentos inoportunos ou sem nenhum tipo de explicação.

É normal sentir ansiedade antes de um grande evento, como antes de uma entrevista de emprego ou antes de uma prova em um concurso importante. No entanto, quando essa ansiedade ocorre em momentos aleatórios durante o dia, como durante a rotina do trabalho, ou os sintomas são tão intensos que impedem a pessoa de fazer suas atividades, podemos estar lidando com um transtorno de ansiedade.

Existe uma série de transtornos de ansiedade e cada um se manifesta de uma forma diferente. No entanto, o desconforto da ansiedade é sentido em todos eles, por isso são classificados como transtornos ansiosos.

Tipos de transtornos ansiosos

Os tipos de transtornos de ansiedade mais comuns são:

Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)

O transtorno de ansiedade generalizada, popularmente conhecido como TAG, é um transtorno caracterizado por uma preocupação excessiva e persistente que acaba por interferir nas atividades diárias.

Este transtorno também se manifesta por sintomas físicos, como inquietação, sensação de estar sobrecarregado, sentir fadiga com facilidade, dificuldades para se concentrar, tensão muscular e problemas para dormir.

Com frequência, as preocupações estão relacionadas a atividades do dia-a-dia, como responsabilidades no trabalho, saúde, família, entre outros. Tarefas não tão frequentes mas triviais, como consultas médicas, também podem ser motivo de preocupação excessiva para pessoas com TAG.

Síndrome do Pânico

O principal sintoma da síndrome do pânico são os ataques de pânico recorrentes. Um ataque de pânico é uma crise de ansiedade muito intensa no qual há uma mistura de sintomas psicológicos e físicos, como:

  • Aceleração do ritmo cardíaco (palpitações);
  • Suor;
  • Tremores;
  • Sensação de falta de ar e sufocamento;
  • Dor no peito;
  • Tontura e sensação de desmaio;
  • Dormência ou formigamento nos membros;
  • Arrepios;
  • Náusea;
  • Dores abdominais;
  • Sensação de estar perdendo o controle;
  • Sensação de desconexão com o momento presente;
  • Medo de morrer.

Os sintomas de um ataque de pânico são tão intensos que, não raramente, pessoas não diagnosticadas vão ao hospital por acreditarem estar sofrendo uma condição na qual há risco de vida, como um infarto.

Ataques de pânico podem surgir em resposta a um estímulo específico (como no caso de pessoas que possuem fobias específicas) ou podem ocorrer sem uma razão aparente. Também é comum que pessoas que sofrem de síndrome do pânico tenham comorbidades como depressão ou estresse pós-traumático.

Fobias específicas

Uma fobia específica é o medo excessivo e persistente de um determinado objeto, animal, situação ou atividade que, em geral, não apresenta um perigo tão grande. Embora os pacientes com fobias específicas saibam que seu medo é desproporcional em relação ao perigo real, eles não conseguem superar tal medo.

A exposição ao objeto, animal, situação ou atividade fóbica pode causar respostas fisiológicas tão intensas que podem resultar em um ataque de pânico. Alguns exemplos de coisas que podem ser o objeto da fobia específica são: falar em público, aviões, elevadores, aranhas, agulhas, entre outros.

Agorafobia

A agorafobia é um tipo de fobia específica no qual o medo é de situações em que pode ser difícil escapar ou conseguir ajuda. Por conta disso, a pessoa pode evitar situações cotidianas como:

  • Usar o transporte público;
  • Estar em espaços abertos;
  • Estar em espaços fechados;
  • Ficar em uma fila ou em lugares com muitas pessoas;
  • Estar fora de casa sem companhia.

Por conta desse comportamento evitativo, a agorafobia pode trazer prejuízos significativos na vida social, profissional, acadêmica etc.

Não é raro que pessoas com síndrome do pânico desenvolvam agorafobia, pois passam a temer ter ataques de pânico em situações das quais não podem sair ou não podem pedir ajuda imediata para alguém de confiança.

Ansiedade Social

A ansiedade social se manifesta pelo medo de sofrer humilhações, rejeições ou passar algum tipo de vergonha em situações sociais. Pessoas que sofrem desse tipo de ansiedade geralmente evitam situações sociais como um todo ou, quando não podem evitar, costumam apresentar níveis elevados de ansiedade durante tais situações.

Transtorno de Ansiedade de Separação

O transtorno de ansiedade de separação é caracterizado por um medo excessivo de uma separação de uma pessoa a quem o indivíduo é bastante apegado. A pessoa com esse transtorno apresenta um medo intenso de perder a pessoa, recusando-se a dormir longe daquela pessoa ou longe de casa (caso more junto) e pode apresentar pesadelos nos quais há uma separação da pessoa em questão.

Este é um comportamento bem comum na infância, quando a criança não quer se separar da mãe e/ou dos cuidadores. No entanto, nesta fase da vida, tal comportamento é esperado. Se este tipo de comportamento se apresenta em idades posteriores, pode-se pensar na possibilidade de um transtorno de ansiedade de separação.

Para um diagnóstico, é necessário que este sentimento seja persistente (mínimo de 6 meses em adultos) e cause problemas no funcionamento do indivíduo.

O que causa os transtornos de ansiedade?

Não se sabe exatamente o que causa os transtornos de ansiedade, mas pesquisadores suspeitam que seja uma mistura de fatores, tais como:

  • Desequilíbrio químico: Um desequilíbrio químico no cérebro, causado por fatores como estresse prolongado, pode estar por trás do surgimento dos transtornos ansiosos;
  • Fatores ambientais: Exposição à vivências traumáticas podem desencadear um transtorno de ansiedade;
  • Fatores genéticos (hereditariedade): Histórico familiar de transtornos de ansiedade aumenta as chances de que uma pessoa desenvolva o problema. Em outras palavras, os transtornos ansiosos podem ser herdados geneticamente dos pais e outros familiares.

Grupos de risco

Algumas pessoas estão mais propensas ao desenvolvimento de transtornos ansiosos. É o caso de pessoas com:

  • Traços de personalidade como timidez e inibição de comportamentos;
  • Histórico de eventos traumáticos ou estressantes durante a infância;
  • Certas enfermidades, como problemas na tireoide e arritmia cardíaca.

Vale ressaltar que os transtornos de ansiedade são mais comuns em mulheres, embora não se saiba exatamente o porquê. Há suspeita de que os hormônios sexuais, que diferem em quantidade em homens e mulheres, podem ter alguma influência nisso.

Sintomas de transtornos ansiosos

Embora existam vários tipos de transtornos de ansiedade, os sintomas da ansiedade em si acabam sendo os mesmos. Dentre os sintomas que podem surgir nestes transtornos estão:

  • Sensação de medo, pânico ou inquietação;
  • Pensamentos obsessivos e incontroláveis;
  • Pesadelos;
  • Dificuldades para dormir;
  • Suor frio;
  • Palpitações;
  • Falta de ar;
  • Tensão muscular;
  • Náusea;
  • Formigamento ou adormecimento das extremidades (pés e mãos);
  • Incapacidade de se manter parado.

Alguns sintomas são mais característicos de alguns tipos de transtornos ansiosos específicos, como por exemplo a realização de rituais, comum no transtorno de estresse pós-traumático, ou reações fisiológicas muito intensas que podem ser confundidas com quadros clínicos sérios, como no caso da síndrome do pânico.

Transtornos de ansiedade tem cura? Qual o tratamento?

Por conta de ser um fenômeno natural, é difícil dizer com certeza se a ansiedade tem cura, tendo em vista que ela estará sempre presente na vida de todas as pessoas. No entanto, quando se trata de transtornos, os sintomas podem entrar em remissão com o tratamento.

Enquanto há pacientes que precisam de tratamento por um tempo limitado, não voltando a apresentar quadros patológicos de ansiedade posteriormente, existem também pacientes que apresentam o quadro de forma recorrente, sendo necessário tratar-se por longos períodos de tempo.

Felizmente, os tratamentos para os transtornos ansiosos são bastante eficazes. Em geral, o tratamento para ansiedade envolve psicoterapia e/ou medicação. Alguns casos podem ser tratados apenas com psicoterapia, e outros se resolvem apenas com a medicação, mas os melhores resultados surgem do tratamento conjunto.

Quanto aos medicamentos usados para o tratamento dos transtornos ansiosos, é comum o uso de ansiolíticos, uma classe de medicamentos feita especialmente para tratar a ansiedade, e os antidepressivos, que apesar de serem usados primariamente para o tratamento de quadros depressivos, podem ajudar a reduzir significativamente os sintomas ansiosos também.

Já em relação à psicoterapia, existe uma série de abordagens diferentes que podem ser tentadas. Dentre as abordagens com maior número de evidências estão a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a análise do comportamento (behaviorismo).

Crianças podem ter transtornos de ansiedade?

Assim como na idade adulta, a ansiedade é um fenômeno natural durante a infância também. É normal que crianças apresentem um certo medo ou ansiedade diante de determinadas situações, como durante uma tempestade, por exemplo. Nestes momentos, a criança pode apresentar níveis elevados de ansiedade devido à antecipação de trovões, mas isso não significa que se trata de uma ansiedade patológica.

Também é comum que crianças apresentem sintomas de ansiedade de separação sem que isso seja um problema. Isso porque o cérebro infantil compreende que sua sobrevivência depende de seus cuidadores e, por isso, pode apresentar uma grande angústia quando houver a necessidade de separação.

Contudo, assim como em adultos, a ansiedade pode ser patológica também na infância. Para identificar isso, é importante reparar se a criança está conseguindo fazer suas tarefas diárias, como ir à escola, brincar, estudar e dormir. Caso ela esteja com problemas na realização dessas tarefas, pode-se suspeitar que a ansiedade apresentada pela criança é patológica.

Mutismo seletivo

O mutismo seletivo não é um transtorno ansioso em si, mas pode aparecer como comorbidade, principalmente em crianças. Essa condição é caracterizada pela dificuldade em falar em situações sociais específicas, embora não haja prejuízo no desenvolvimento da linguagem.

Geralmente, o mutismo seletivo ocorre em crianças menores de 5 anos de idade e pode se manifestar como a capacidade de falar em casa, com os pais e outros familiares, mas não conseguir falar na escola ou em outros ambientes sociais com pessoas desconhecidas, por exemplo.

Esta condição é mais comum em crianças que apresentam os seguintes traços:

  • Timidez excessiva;
  • Medo de passar algum tipo de vergonha;
  • Traços compulsivos;
  • Apego excessivo a pessoas específicas;
  • Birras frequentes.

Os transtornos ansiosos são os transtornos mentais mais frequentes, embora muitas pessoas não procurem tratamento por achar ser frescura ou achar que não se trata de uma condição séria.

Se você se identificou com algum dos transtornos aqui abordados, não hesite em contatar um profissional da saúde mental!

Referências

https://psychiatry.org/patients-families/anxiety-disorders/what-are-anxiety-disorders
https://www.nimh.nih.gov/health/topics/anxiety-disorders
https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/9536-anxiety-disorders

Confira posts relacionados