Estimulação Magnética Transcraniana (EMT): O que é, funciona?

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Todos os dias, profissionais da saúde mental estão trabalhando e pesquisando para encontrar novos métodos na luta contra a depressão. A Estimulação Magnética Transcraniana vem se juntar ao arsenal utilizado por esses profissionais nesta batalha.

Neste artigo, vamos abordar informações sobre que é EMT (ou EMTr), qual o tipo de paciente que pode se beneficiar dela, como funciona, sua duração, entre outras informações relevantes a respeito dessa técnica inovadora e bastante efetiva contra a depressão.

Índice

  1. O que é Estimulação Magnética Transcraniana?
  2. Para quê a EMTr é indicada?
  3. Estimulação Magnética Transcraniana funciona?
  4. Como é o procedimento?
  5. Efeitos colaterais
  6. Contraindicações
  7. Perguntas frequentes

O que é Estimulação Magnética Transcraniana (EMT)?

A Estimulação Magnética Transcraniana de Repetição (EMTr) é um tratamento inovador e não invasivo para o tratamento da depressão. Suas principais características são:

  • Ser uma alternativa para o uso de antidepressivos quando estes não funcionam adequadamente;
  • Altamente eficaz;
  • É uma técnica não invasiva, ou seja, não é necessário fazer cortes ou agredir os tecidos de nenhuma forma;
  • Totalmente indolor;
  • Não apresenta os efeitos colaterais encontrados nos antidepressivos (ganho de peso, diminuição do desejo sexual, sedação, dificuldades com o sono etc.);
  • Funciona tanto na depressão unipolar quanto bipolar.

O principal diferencial da estimulação magnética transcraniana é o uso de pulsos magnéticos que agem no córtex cerebral, especificamente nas áreas afetadas pelos transtornos depressivos e de humor. Esses pulsos agem auxiliando a neuromodulação, ou seja, influenciam as sinapses neurais para torná-las mais eficientes.

Em pacientes com depressão, é comum que haja alterações em alguns neurotransmissores durante as sinapses — especialmente nas áreas relacionadas à regulação emocional. A EMTr, portanto, ajuda justamente nisso: ela é capaz de auxiliar o cérebro a equilibrar o fluxo de neurotransmissores, amenizando, assim, os sintomas da depressão.

A técnica foi desenvolvida em 1985, na Inglaterra, e no ano de 2008, foi aprovada pelo órgão norte-americano de controle de saúde e alimentos (FDA). No Brasil, a EMTr é reconhecida e aprovada pelo Conselho Federal de Medicina desde 2012.

Para quê a EMTr é indicada?

Depressão

Atualmente, a estimulação magnética transcraniana é indicada principalmente para o tratamento da depressão, especialmente quando o paciente não responde ao tratamento farmacológico — o que acontece em 30% dos casos. Estes casos são conhecidos como depressão refratária. A técnica é eficaz tanto nos casos de depressão unipolar quanto bipolar, como aquela encontrada no transtorno afetivo bipolar, que muitas vezes não pode ser tratada com antidepressivos.

Durante muito tempo, a depressão foi erroneamente considerada uma “doença de gente de cabeça fraca”, além de outras definições preconceituosas. Felizmente, com o aumento do acesso à informação pelas pessoas, essa forma de pensar vem se modificando.

Apesar de todas as críticas feitas à mídia, ela teve um papel importante nessa mudança de forma de pensar da nossa sociedade a respeito dessa condição. Ela conseguiu demonstrar, de várias formas, como ela afeta o dia a dia das pessoas, aumentando o nível de interesse da população pelo problema.

Nos dias atuais, a depressão é considerada um problema de saúde pública pelas autoridades e pela população em geral, aumentando o interesse pelo conhecimento e formas de tratamento. É muito difícil alguma família não ver um membro sofrendo com essa condição e não se sentir tocada pelo problema.

A depressão afeta todas as áreas da vida das pessoas que sofrem seus efeitos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 5,8% da população brasileira sofre de depressão – um total de 11,5 milhões de pessoas.

Alucinações

Em segundo lugar, a EMTr é indicada em caso de alucinações auditivas em pacientes com esquizofrenia.

Ainda não se sabe quais outros transtornos mentais podem ser tratados por este método e, portanto, há diversas equipes de pesquisadores buscando novas aplicações para a técnica.

Outras condições

Fora da psiquiatria, a estimulação magnética transcraniana é usada por fisioterapeutas para tratar dores neuropáticas e nociceptivas, auxiliar na recuperação de acidentes vasculares encefálicos, tratamento de doenças neuromusculares e desordens do movimento, além de amenizar sintomas motores do mal de Parkinson.

Estimulação Magnética Transcraniana funciona?

De acordo com um artigo publicado no Canadian Journal of Psychiatry em 2016, a estimulação magnética transcraniana está entre um dos tratamentos mais eficazes quando comparado com outras técnicas de neuromodulação, como a eletroconvulsoterapia e estimulação do nervo vago.

Quando se trata de situações emergenciais, a EMTr pode demorar algumas sessões para fazer efeito. No entanto, sua eficácia é maior na manutenção, ou seja, as chances do paciente apresentar recaídas são menores na EMTr do que em outros tratamentos.

Como é o procedimento?

A sessão de estimulação magnética transcraniana é indolor e pode durar de 20 minutos a 50 minutos. Em geral, os pacientes precisam realizar sessões diárias no início do tratamento, para então fazer a manutenção com sessões uma vez por semana ou por mês. Contudo, a duração e frequência do tratamento varia de pessoa para pessoa, sendo que apenas um psiquiatra é capaz de dizer o número de sessões adequadas para cada paciente.

Durante o procedimento, o paciente fica sentado confortavelmente em uma cadeira, vestindo uma touca de borracha, enquanto uma bobina é colocada sobre sua cabeça.

Em seguida, a máquina-bobina gera pulsos magnéticos que agem em áreas específicas no córtex cerebral, equilibrando o fluxo de neurotransmissores e melhorando a qualidade das sinapses, o que resulta em uma amenização dos sintomas depressivos e até mesmo psicóticos, como no caso das alucinações auditivas.

A frequência dos pulsos magnéticos pode ser excitatória ou inibitória, o que é regulado pelo médico de acordo com as necessidades de cada indivíduo. O procedimento é indolor e o paciente é rapidamente liberado. Não é necessário repousar ou deixar de fazer suas atividades diárias.

É importante ressaltar que, durante a sessão, não se deve utilizar aparelhos eletrônicos como celulares, tablets, relógios, entre outros.

Efeitos colaterais

Embora a estimulação magnética transcraniana não traga tantos efeitos colaterais quanto os medicamentos antidepressivos, ela ainda traz alguns efeitos adversos.

Na maioria dos casos, a EMTr é indolor. No entanto, em uma pequena parcela da população, ela pode causar dores no couro cabeludo durante o procedimento, além de dor de cabeça transitória após a sessão. Contudo, essas dores não costumam ser muito graves e podem ser amenizadas com analgésicos.

Felizmente, esses efeitos colaterais se tornam menos frequentes conforme o tratamento avança.

Contraindicações

Existem alguns casos nos quais a estimulação magnética transcraniana não é indicada. Alguns deles são absolutos, ou seja, não se deve utilizar a técnica caso a pessoa se encaixe nesses critérios, enquanto outros são relativos e dependem de uma avaliação cuidadosa para que o procedimento seja realizado.

Contraindicações absolutas

A maior contraindicação da EMTr é a presença de implantes de metal na cabeça, como implantes cocleares, estimulantes cerebrais, eletrodos, clipes de aneurisma, entre outros.

Contraindicações relativas

A principal contraindicação relativa é um histórico de convulsões ou epilepsia, pois as alterações feitas pelos pulsos magnéticos no córtex cerebral pode desencadear crises convulsivas. Embora isso seja extremamente raro e só acontecer em uma das técnicas realizadas, é preciso considerar essa possibilidade.

Outras contraindicações relativas são possuir marca-passo cardíaco, desfibrilador interno ou uma lesão cerebral.

Perguntas frequentes

Quanto tempo dura o tratamento?

O tratamento inicial tem, em média, 20 sessões. Estas podem ser feitas diariamente, fazendo o tratamento durar cerca de 4 semanas. Entretanto, esses números não são fixos e variam de caso para caso.

A frequência das sessões pode ser modificada de acordo com a evolução do quadro, o que garante que o paciente será tratado adequadamente. Por isso, é difícil dizer quanto tempo o tratamento dura, uma vez que pode ter durações diferentes dependendo do caso.

Demora muito para a EMTr fazer efeito?

A EMTr não possui um efeito imediato e, portanto, pode não ser a melhor alternativa em casos mais emergenciais. No entanto, ela costuma ser muito eficaz e seus efeitos podem ser sentidos quando chega na metade do tratamento.

Geralmente, as primeiras pessoas a notar as diferenças são os familiares e amigos, percebendo mudanças no comportamento do paciente. É comum que o próprio paciente demore um pouco para se dar conta de que o tratamento está funcionando, pois as mudanças iniciais costumam ser bem sutis.

É preciso parar com os remédios para fazer a EMTr?

Não é necessário parar de usar a medicação para fazer a EMTr. No entanto, assim que o tratamento faz afeito, as doses podem ser reajustadas para que não haja interferência entre o tratamento farmacológico e a estimulação magnética transcraniana.

Estudos mostram que a administração de antidepressivos com a estimulação magnética transcraniana traz resultados mais eficazes do que apenas a EMTr e, por isso, o médico pode manter a medicação para auxiliar no tratamento.

Depressão e tristeza são a mesma coisa?

O Transtorno Depressivo Maior (frequentemente chamado de depressão clínica) é diferente de uma tristeza passageira, mesmo que a sensação seja muito parecida em intensidade e acabe gerando uma incapacidade temporária de lidar com os eventos da vida.

Embora possa surgir após uma situação traumática, depois de estabelecida, se torna um sentimento generalizado – diferente de uma reação de tristeza temporária sobre um acontecimento específico. Em outras palavras, se você está deprimido, você se sente mal o tempo todo com tudo. Se não tratada, a depressão tende a piorar com o tempo.

Todas as áreas da vida são prejudicadas com a doença, incluindo a habilidade de trabalhar, construir e manter relacionamentos, se concentrar, socializar entre tantas outras que seriam usuais. Resumindo, uma piora significativa da qualidade de vida.

Infelizmente, o problema também afeta a saúde física. Estudos têm mostrado que a depressão está associada com o risco de infarto cardíaco e derrame cerebral.

Desta forma, é primordial que o tratamento seja iniciado o quanto antes, com profissionais qualificados e cuidadosos e que ofereçam todas as possibilidades de tratamentos disponíveis. Além disso, a fim de não afetar outras áreas da vida das pessoas em tratamento, com o menor número de efeitos colaterais possíveis.

Como já dissemos, alguns tratamentos não são tão efetivos em algumas pessoas. Para essas pessoas, a Estimulação Magnética Transcraniana se torna a melhor opção.

Como posso saber se estou deprimido?

A depressão é uma condição complexa e duas pessoas diferentes não se sentirão da mesma forma. No entanto, existem alguns sintomas gerais que os médicos identificaram como mais comuns, como humor rebaixado persistentemente, falta de energia, interesse diminuído na vida e problemas de concentração, entre outros.

Se você está sofrendo de depressão, pode ser que você tenha os seguintes sintomas:

  • Sentir-se triste por longos períodos de tempo;
  • Perder a capacidade de aproveitar a vida – mesmo atividades que costumava gostar, como hobbies;
  • Sentir dificuldade de socializar e aproveitar o tempo com as pessoas, mesmo as mais próximas;
  • Algumas vezes, pessoas deprimidas podem até mesmo perder a capacidade de sentir amor por familiares e amigos;
  • Sofrer com ansiedade: isso pode ser extremamente ruim, algumas vezes até mais do que sentir-se triste – tornando atividades diárias muito difíceis de serem feitas;
  • Ter problemas de apetite: muitas pessoas não sentem apetite, tendo dificuldade para comer; outras podem sentir algum conforto ingerindo alimentos para tentar combater as emoções negativas;
  • Apresentar mudança do padrão de sono: algumas pessoas dormem mais quando estão deprimidas, outras têm problemas para começar a dormir, com tendência a acordar antes do desejado;
  • Preocupar-se exageradamente com o passo, frequentemente sentindo-se arrependido(a) ou culpado(a);
  • Achar difícil, ou mesmo impossível, se concentrar;
  • Sentir-se facilmente irritável;
  • Sentir-se ameaçado pelas pessoas, pelo mundo ou sem esperança no futuro.

Gostaria de conhecer mais sobre a EMTr e seus benefícios?

O Instituto de Psiquiatria do Paraná é habilitado a oferecer a EMTr, um tratamento inovador, seguro, cientificamente comprovado, reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina desde 2012 (resolução CFM 1.986/2012), cada vez mais usado na Europa e nos Estados Unidos (reconhecido pelo FDA desde 2008).

Entendendo a importância de oferecer o maior leque possível de tratamentos aos pacientes, o IPP – Instituto de Psiquiatria do Paraná – coloca-se à disposição, com seu corpo clínico especializado, para orientar os pacientes que queiram saber mais e se beneficiar do tratamento.

Após diagnóstico criterioso, com a construção da história clínica do paciente, nossos médicos avaliarão a indicação do tratamento e acompanharão o paciente durante todo o tempo que for necessário, avaliando cuidadosamente a evolução do quadro e seguimento do tratamento.

Referências

Milev, R. V. et al (2016). Clinical Guidelines for the Management of Adults with Major Depressive Disorder. The Canadian Journal of Psychiatry, 61(9): 561-75.

Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (2014). ACÓRDÃO Nº 378, DE 29 DE AGOSTO DE 2014 – Estimulação Magnética Transcraniana. Disponível em https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3330 Acessado em: 23/08/2018.

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