Transtorno de personalidade histriônica: O que é? Como identificar?

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Existem pessoas que gostam de ser o centro das atenções, que gostam de estar rodeadas de amigos e se sentirem admiradas pelos outros. Isso não necessariamente é um problema, mas existem casos em que esse gosto por se destacar se torna uma necessidade, o que pode ser bem preocupante. Trata-se do transtorno de personalidade histriônica (TPH), caracterizado por essa necessidade de chamar a atenção, frequentemente acompanhada de um forte apelo sexual, e uma emocionalidade exagerada e difusa.

Pessoas que sofrem desse transtorno geralmente dão muita ênfase à sua aparência, vestindo-se de forma provocativa ou sedutora. São pessoas altamente sugestionáveis que, não raramente, agem de forma submissa com a finalidade de chamar a atenção.

O transtorno pode causar muito sofrimento para quem é acometido por ele, pois facilmente a pessoa se torna emocionalmente dependente dos outros, chegando a desenvolver estratégias de manipulação e chantagem emocional para manter os outros interessados. Além disso, os comportamentos sedutores não se restringem apenas aos interesses amorosos, acontecendo também em contextos inadequados, como no trabalho, durante atividades ocupacionais, entre outros.

Na fala, pessoas com esse transtorno costumam dramatizar bastante, contando histórias impressionistas que podem faltar em detalhes, dando opiniões sem conseguir embasá-las. Em situações sociais, podem ser facilmente vistos como a “alma da festa”. Demonstram suas emoções de maneira dramática e exagerada, mas também parecem “ligar e desligar” as emoções rapidamente, como se nada tivesse acontecido.

Em geral, esses comportamentos se tornam aparentes no início da vida adulta. Estudos epidemiológicos apontam que o transtorno atinge menos de 2% da população e sugerem que é mais comum em mulheres. Contudo, há chances de atingir homens em igual proporção, mas são poucos os que procuram ajuda por isso.

Sintomas: como identificar uma pessoa com TPH

Uma pessoa com TPH pode demonstrar os seguintes sintomas:

  • Sentir-se mal quando não é o centro das atenções;
  • Portar-se de maneira entusiasmada e altamente dramática na tentativa de encantar as outras pessoas;
  • Mostrar comportamentos de paquera com frequência, até mesmo em momentos inadequados e com pessoas que não são de seu interesse real;
  • Preocupação exacerbada com a aparência, na intenção de impressionar os outros;
  • É facilmente influenciado pelas outras pessoas ou pelas circunstâncias;
  • Tendência a confiar muito nas outras pessoas;
  • Acreditar que os seus relacionamentos são mais próximos e íntimos do que realmente são;
  • Expressão superficial ou extravagante das emoções.

Transtorno de personalidade histriônica ou narcisismo?

Pessoas com transtorno de personalidade histriônica podem ser facilmente confundidas com pessoas “narcisistas”, quando na realidade não o são. A diferença principal entre uma pessoa com esse transtorno e pessoas que sofrem de transtorno de personalidade narcisista é que elas não precisam necessariamente ser admiradas ou enaltecidas. Enquanto o narcisista necessita da admiração, a pessoa com TPH só se importa em ser o centro das atenções — não importa se estão falando bem ou falando mal, o importante é que ela seja notada.

Isso não quer dizer, no entanto, que uma pessoa com transtorno de personalidade histriônica não pode ser também narcisista. Na realidade, existem pessoas que sofrem com os dois transtornos de personalidade ao mesmo tempo, condição conhecida como “comorbidade”.

Causas do TPH

Como na maior parte dos transtornos mentais e de personalidade, as causas não são muito claras, tendo provavelmente uma origem multifatorial. O fato de que pessoas com TPH são frequentemente acometidas por comorbidades como outros transtornos de personalidade sugere que possa existir uma vulnerabilidade biológica ao desenvolvimento desse transtorno.

Histórico familiar de transtornos de personalidade, bem como fatores ambientais, como histórico de trauma e abuso durante a infância, também são fatores que parecem influenciar o desenvolvimento do transtorno.

Comorbidades

As comorbidades frequentes em pacientes com TPH são:

  • Transtornos de personalidade como antissocial, borderline, narcisista e dependente;
  • Transtorno de sintoma somático;
  • Transtorno depressivo maior;
  • Distimia;
  • Transtorno conversivo.

Consequências

O paciente com transtorno de personalidade histriônica pode sofrer uma grande variedade de prejuízos caso o transtorno não seja adequadamente tratado. Dentre elas, estão:

  • Dificuldades em desenvolver intimidade nos relacionamentos;
  • Tendência a desempenhar papéis nos relacionamentos, como o papel de “vítima” ou de “princesa”;
  • Tendência a tentar controlar o parceiro por meio da manipulação emocional e a sedução;
  • Dependência emocional do parceiro;
  • Dificuldades em manter amizades com pessoas comprometidas por conta do comportamento sexualmente provocativo;
  • Afastamento dos amigos por causa da exigência constante de atenção;
  • Busca pela satisfação imediata acompanhada de frustração em situações que envolvem o atraso da gratificação;
  • Relacionamentos antigos podem sofrer negligência por conta da prioridade que a pessoa dá aos novos relacionamentos;
  • Tendência a iniciar projetos com muito entusiasmo, mas perde o interesse com facilidade.

Tratamento

O tratamento do TPH é feito principalmente por meio de psicoterapia. Embora o transtorno seja diagnosticado por um psiquiatra, nem sempre é necessário o uso de medicamentos para tratá-lo. O psiquiatra costuma receitar medicamentos em casos de comorbidades, como a depressão.

Existem muitas abordagens psicoterápicas capazes de tratar o problema. A terapia cognitivo-comportamental, por exemplo, pode auxiliar o paciente a compreender as origens cognitivas desses comportamentos, trabalhando com suas crenças acerca de si mesmo e dos outros, de modo a enfrentar pensamentos e comportamentos disfuncionais, bem como desenvolver um repertório comportamental mais adequado para as suas relações sociais.

Conhecer pessoas encantadoras é sempre legal, mas, às vezes, pode existir um problema por trás de tudo isso. Se após ler o texto você acredita que algum conhecido está sofrendo com sintomas do transtorno de personalidade histriônica, não hesite em oferecer ajuda e entrar em contato com um profissional da saúde mental de confiança!

Referências

American Psychiatric Association (2014). DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed.

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