Efeitos sexuais de medicações não psiquiátricas

A saúde mental é uma grande aliada da saúde sexual, mas não são apenas os medicamentos psiquiátricos que afetam a libido. Saiba mais!
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Muitas medicações psiquiátricas são tratadas como vilãs do desejo sexual, mas existem muitos outros fatores que também influenciam nessas questões. É sabido que muitas das medicações psiquiátricas como antidepressivos, antipsicóticos e até mesmo anticonvulsivantes (frequentemente usados para tratar quadros de humor) podem trazer efeitos colaterais à saúde sexual, mas é importante prestar atenção a uma série de outros fatores que podem estar afetando a libido e a performance sexual para além do tratamento psiquiátrico.

Neste texto, buscamos apresentar alguns medicamentos que podem ter efeitos colaterais que afetam a saúde sexual, bem como discutir as formas que a saúde mental e o tratamento psiquiátrico podem trazer efeitos colaterais parecidos.

Como os medicamentos psiquiátricos afetam a libido

Os medicamentos psiquiátricos podem sim interferir na libido, tanto diminuindo quanto aumentando. Isso ocorre porque grande parte dos medicamentos atuam na serotonina, um neurotransmissor responsável por diversas funções, dentre elas a regulação da libido. A serotonina também regula o humor, o sono e o apetite, que também são fatores importantes que impactam a libido.

Outros medicamentos, como os antipsicóticos, atuam na dopamina, outro neurotransmissor importante para a saúde sexual, sendo diretamente relacionado à motivação e a sensação de prazer.

Vale ressaltar que os próprios transtornos mentais também têm efeitos bastante marcantes na libido. A depressão, por exemplo, tende a diminuir bastante o desejo sexual, podendo gerar até mesmo disfunções sexuais.

Existem outros transtornos que podem levar a um aumento do desejo sexual, como nos episódios de mania do transtorno bipolar. Também é comum pessoas com transtornos de personalidade apresentarem padrões de sexo de risco, tendo várias relações com diversos parceiros de forma desprotegida.

Em outras palavras, a saúde sexual está diretamente ligada à saúde mental, que pode influenciá-la de diversas formas. No entanto, é comum que as pessoas apenas reclamem quando as medicações acabam afetando a libido, sem reconhecer que os próprios transtornos podem causar prejuízos nessa área.

Leia mais:

Outras medicações que podem afetar a saúde sexual

Alguns dos medicamentos não psiquiátricos que podem afetar a saúde sexual são:

Anticoncepcionais hormonais

Em mulheres, um dos maiores vilões da libido são os anticoncepcionais hormonais. Esses medicamentos aumentam as taxas dos hormônios sexuais femininos, podendo sobrepor e bloquear os efeitos da testosterona, principal hormônio sexual masculino, que também é responsável por um aumento substancial da libido.

É importante lembrar que todo mundo tem tanto hormônios sexuais femininos quanto masculinos, a diferença está na quantidade desses hormônios. Homens costumam ter níveis mais altos de testosterona, enquanto mulheres apresentam níveis mais altos de progesterona e estrogênio.

No entanto, há exceções, que podem ocorrer sem que haja uma patologia por trás, enquanto há exceções que podem ser ocasionadas por algum distúrbio adjacente, como a síndrome do ovário policístico (SOPC), que é conhecida por aumentar o nível de testosterona em mulheres.

Mesmo quando os anticoncepcionais não afetam a libido, eles ainda podem causar efeitos colaterais que podem ser prejudiciais à saúde sexual, como ressecamento vaginal, diminuição da lubrificação e dores durante a relação (dispareunia).

Medicamentos betabloqueadores

Os betabloqueadores são uma classe de medicamentos usados para tratar enfermidades como hipertensão, arritmia cardíaca, enxaqueca e prevenção de infartos.

Esses medicamentos costumam afetar a libido porque atuam no sistema nervoso central, atingindo também a área responsável pela regulação do apetite sexual. Esse efeito colateral é mais comum em homens do que em mulheres, e é mais comum em medicamentos mais antigos.

Diuréticos

Medicamentos diuréticos são usados para aumentar a eliminação de sódio e água na urina, sendo frequentemente usados para tratar quadros de hipertensão, insuficiência renal, glaucoma, entre outros.

É sabido que a espironolactona é um dos diuréticos que podem provocar alterações na libido, considerando que a substância pode bloquear os receptores de progesterona e testosterona, os hormônios sexuais que atuam aumentando a libido.

Antialérgicos

Os anti-histamínicos, também chamados de antialérgicos, são medicamentos usados para o tratamento de sintomas agudos de alergias. Não raramente, esses medicamentos causam um efeito sedativo, tendo um impacto indireto na saúde sexual.

Além disso, alguns antialérgicos também podem bloquear ou reduzir os níveis dos hormônios sexuais, ocasionando uma diminuição da libido.

Anabolizantes

Os anabolizantes são substâncias sintetizadas a partir da testosterona, o hormônio sexual masculino responsável pelas características sexuais secundárias masculinas, como aumento da massa muscular, crescimento de pelos, diminuição da gordura, entre outros. Essas substâncias são usadas para tratar quadros de diminuição da testosterona.

Apesar da testosterona estar diretamente ligada à libido, os anabolizantes podem causar problemas na saúde sexual, especialmente quando usados em doses mais altas para agilizar o ganho de massa muscular por motivos estéticos.

Isso ocorre porque, como os anabolizantes são usados em doses elevadas, o organismo entende que há um excesso de hormônios sexuais. Em resposta a isso, o próprio organismo tenta se adaptar diminuindo a produção natural desses hormônios.

Vale ressaltar que o uso de anabolizantes para fins puramente estéticos é ilegal, e muitas pessoas recorrem a produtos clandestinos que, por não passarem por um controle de qualidade, podem ter procedência duvidosa, mistura de substâncias, entre outros.

Dentre os efeitos sexuais do uso indevido de anabolizantes estão a disfunção erétil, diminuição do tamanho dos testículos, diminuição da quantidade de espermatozoides, infertilidade, alterações na libido e aumento do tamanho do clitóris. Também é comum que, após encerrar o uso de anabolizantes, a libido caia consideravelmente.

Medicamentos alfabloqueadores

Os alfabloqueadores são medicamentos usados como antihipertensivos, sendo usados também para tratar problemas na próstata. Diferentemente de outros antihipertensivos, esses medicamentos não afetam diretamente o mecanismo de ereção, não ocasionando disfunção erétil.

No entanto, eles afetam diretamente o sistema ejaculatório, podendo causar problemas como a ejaculação retrógrada (quando o sêmen vai para trás ao invés de sair pelo pênis, desviando seu curso para a bexiga).

Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA)

Os IECA são medicamentos usados também para o tratamento de quadros hipertensivos, que podem ser usados em conjunto com os betabloqueadores.

Trata-se de um tipo de medicamento que reduz a resistência vascular por meio da vasodilatação, causando uma diminuição na pressão arterial, sem ter efeitos na frequência e contratilidade cardíaca.

Por conta desse mecanismo de ação, é comum que os IECA acabem resultando em disfunção erétil, prejudicando a saúde sexual.

Outras condições que afetam a saúde sexual

Existe uma série de condições não psiquiátricas que podem afetar a libido e saúde sexual como um todo. Vale considerar essas possibilidades também caso você esteja em tratamento psiquiátrico e esteja apresentando dificuldades nessa área. São elas:

  • Alterações hormonais;
  • Menopausa e andropausa (versão masculina da menopausa);
  • Abuso de substância;
  • Problemas na tireoide;
  • Hiperprolactinemia;
  • Obesidade.

Apesar dos medicamentos psiquiátricos serem vistos como vilões da libido, há vários outros medicamentos que podem afetar a saúde sexual.

Se você faz o uso de qualquer um desses medicamentos e sente que eles estão afetando sua saúde íntima, converse com o médico responsável pelo seu tratamento. Não raramente, esses efeitos colaterais passam com o tempo, ou com a diminuição da dose para o mínimo que ainda seja efetivo para tratar seu quadro.

Se você desconfia que está tendo sintomas psiquiátricos que podem estar afetando sua saúde sexual, não hesite em procurar ajuda com um profissional da saúde mental!

Referências

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/05/17/problemas-com-a-libido-mulher-pode-ser-efeito-do-remedio-que-voce-toma.htm
https://sanarmed.com/anti-hipertensivos/
https://drformen.med.br/anabolizantes-x-desempenho-sexual/

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