EMTr: fase de ativação e fase de manutenção

A técnica da Estimulação Magnética Transcraniana (EMTr) é feita ao longo de várias semanas e passa por algumas fases. Entenda melhor aqui!
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A estimulação magnética transcraniana é um tratamento de neuromodulação com bons resultados em casos de depressão refratária, ou seja, uma depressão que não responde aos medicamentos e outros tratamentos convencionais.

Contudo, há sempre muitas dúvidas em relação a este tratamento: como é feito, quanto tempo dura, quanto tempo demora para fazer efeito, é preciso fazer para a vida toda?

A fim de sanar algumas destas dúvidas, neste artigo iremos falar sobre as fases de ativação e manutenção do tratamento com a EMTr.

Quando iniciar o tratamento com EMTr?

O tratamento com a estimulação magnética transcraniana se torna uma alternativa quando outros métodos de tratamento mais convencionais não funcionam. Ou até funcionam parcialmente, mas não é possível manter sua eficácia por muito tempo.

A pessoa chega a ir em vários psiquiatras, testa diversos medicamentos diferentes e vive ajustando as doses, mas, no fim, nada parece funcionar por muito tempo e ela volta a apresentar sintomas significativos.

Neste momento, pode ser uma boa ideia conversar com um médico psiquiatra que entenda da técnica para avaliar se seria o caso de iniciar um tratamento com a estimulação magnética transcraniana.

Junto ao médico, o paciente pesa as vantagens e desvantagens do tratamento, bem como discute possíveis contraindicações. Caso o paciente opte por iniciar o tratamento com EMTr, é hora de estabelecer o calendário de tratamento, que é composto por duas fases: ativação e manutenção.

Fase de ativação

Como o nome diz, a fase de ativação diz respeito às primeiras sessões nas quais a ideia é “ativar” o tratamento no paciente. Essas sessões costumam ser feitas com uma frequência bem alta, podendo ser até diariamente. Isso ocorre porque o cérebro precisa se “acostumar” com a neuromodulação.

Imagine que o cérebro possui uma química desbalanceada, e ele está acostumado a isso, então vai sempre tentar manter esses mesmos níveis, ainda que estejam em desequilíbrio.

Quando mexemos apenas uma vez, o cérebro pode até sentir uma “sacudida” nessa química, mas logo trabalha para que o funcionamento cerebral volte a ser o que era antes.

Já quando mexemos diversas vezes em um curto período de tempo, o cérebro passa a entender que aquilo deveria ser o “normal”, então começa a se adaptar para essa nova “configuração”.

A fase de ativação dura, em média, 20 sessões, mas esse número pode variar conforme a resposta do paciente. Os efeitos do tratamento já começam a ser sentidos na metade desta fase.

Fase de manutenção

Após a ativação, inicia-se a fase de manutenção. Nesta fase, as sessões vão ficando cada vez mais espaçadas, pois o cérebro já está “acostumado” e, portanto, não é necessário sessões muito frequentes.

Enquanto na fase de ativação a pessoa geralmente faz mais de uma sessão por semana, na fase de manutenção ela pode iniciar a fazer uma sessão por semana apenas. Depois de um tempo, aumenta-se o tempo para uma sessão a cada duas semanas. Depois, este espaço de tempo pode aumentar para três semanas ou um mês.

Esses espaçamentos ocorrem de acordo com a resposta do paciente, ou seja, se o paciente for apresentando melhoras consistentes, as sessões vão ficando cada vez mais espaçadas. Por outro lado, se o paciente começa a apresentar recaídas, pode-se voltar a fazer sessões com uma frequência maior.

Durante esta fase, frequentemente são feitas reavaliações dos sintomas para guiar o curso do tratamento.

O tratamento com EMTr é para sempre?

Não necessariamente. Muitas pessoas que sofrem de depressão ou de outros transtornos mentais entram em remissão, o que significa que seus sintomas não estão mais ativos ou, ao menos, não causam mais prejuízos significativos.

Algumas pessoas entram em remissão por longos períodos de tempo, nos quais não precisam de acompanhamento terapêutico, mas acabam tendo recaídas que podem necessitar de auxílio médico. Outras pessoas entram em remissão e não precisam mais procurar ajuda ao longo de suas vidas.

Cada caso é um caso e não existe uma resposta definitiva. Muitas pessoas podem não precisar do tratamento para sempre, mas isso não significa que elas não vão precisar do tratamento periodicamente.

Outras indicações para EMTr

Embora a estimulação magnética transcraniana tenha sido aprovada inicialmente para o tratamento de casos de depressão refratária (depressão resistente aos medicamentos e tratamentos tradicionais), hoje em dia existem muitos outros quadros que podem ser tratados com essa técnica.

Dentre eles, estão os sintomas negativos da esquizofrenia, tratamento pré-operatório para cirurgias neurológicas, entre outros. Algumas das indicações foram aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas outras ainda estão sendo estudadas e são usadas off-label.

Para saber sobre mais indicações da EMTr, clique aqui.

Embora seja uma técnica relativamente nova, a EMTr pode trazer qualidade de vida para muitas pessoas que eventualmente não respondem aos tratamentos clássicos para depressão e alguns outros transtornos.

Se você tem dúvidas ou se acredita estar precisando de ajuda profissional, não hesite em contatar um profissional da saúde mental!

Referências

Resolução CFM 1986/2012, disponível em https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2012/1986

Klomjai, W., Katz, R., & Lackmy-Vallée, A. (2015). Basic principles of transcranial magnetic stimulation (TMS) and repetitive TMS (rTMS). Annals of Physical and Rehabilitation Medicine, 58(4), 208–213. doi:10.1016/j.rehab.2015.05.005

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