Medicina baseada em evidências: o que é? Como funciona?

Como os médicos podem trabalhar com as melhores evidências científicas disponíveis, e conciliar isso com sua experiência clínica? Entenda!
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin

A medicina baseada em evidências é um movimento médico que sugere que as decisões clínicas devem ser tomadas de acordo com as melhores evidências científicas disponíveis atualmente. Trata-se da integração entre a experiência clínica individual com as melhores evidências externas.

Frequentemente, médicos se baseiam na própria experiência clínica para tomar decisões no diagnóstico e tratamento de pacientes. É claro que médicos também se baseiam na ciência para tomar essas decisões, então não se trata de um achismo. Contudo, nem sempre há atenção para a qualidade do conteúdo científico que esses médicos estão consumindo.

Na medicina baseada em evidências, a qualidade dos estudos levados em consideração é de extrema importância para a prática clínica. Por conta disso, os profissionais que praticam a medicina baseada em evidências se apoiam em materiais como revisões sistemáticas e meta-análises ao invés de ler apenas alguns estudos de qualidade questionável e tomá-los como boas referências.

O que são revisões sistemáticas e meta-análises?

As revisões sistemáticas e meta-análises são métodos nos quais pesquisadores buscam vários estudos sobre um mesmo assunto, selecionam os melhores e depois fazem uma análise crítica destes estudos para compor um sumário com as melhores evidências disponíveis.

Isso é importante porque, ao longo do tempo, inúmeros estudos sobre os mesmos temas são publicados, e nem sempre estes estudos têm resultados parecidos. Por isso, utilizar apenas um estudo para orientar a prática clínica é um tanto quanto irresponsável.

O que acontece é que grande parte dos estudos publicados podem conter falhas no método, ou terem utilizado metodologias diferentes que provocam alterações nos resultados, entre outras possíveis interferências que podem surgir durante uma pesquisa.

Através dessas revisões e meta-análises, pesquisadores conseguem identificar quais estudos foram bem conduzidos, bem como comparar os resultados de diversos estudos para chegar a uma conclusão mais próxima da realidade.

Se, por exemplo, vários estudos de qualidade chegam a resultados de que um tratamento novo não funciona, mas alguns estudos mostram que funciona, é por meio de revisões sistemáticas e meta-análises que os pesquisadores poderão deixar claro se as evidências apontam mais para a eficácia ou ineficácia do tratamento.

O que isso quer dizer na prática?

Na prática, isso significa que o médico que segue a medicina baseada em evidências estará apto para saber selecionar os métodos diagnósticos e de tratamento com o melhor respaldo científico.

O profissional não irá deixar de lado a sua experiência profissional individual, mas tentará fazer uma ponte entre essa experiência e o que dizemos ensaios-clínicos, as revisões e meta-análises, a fim de encontrar o meio mais adequado de cuidar do paciente.

Da mesma forma, ele não ignora as individualidades do paciente, mas procura trabalhar com as evidências científicas a respeito dessas individualidades. Um paciente em uma determinada faixa etária pode se beneficiar mais de um tipo de tratamento que não é tão eficaz em outra faixa etária, por exemplo, e isso será levado em conta junto com as evidências encontradas.

Caso o paciente não apresente melhoras com os primeiros tratamentos indicados, aí sim o profissional irá procurar, dentre as alternativas de tratamento, qual teria um melhor respaldo científico.

Este tipo de medicina não descarta completamente outras práticas com pouco respaldo científico, como a homeopatia, os florais de Bach, entre outros. Contudo, ela busca primeiro tratar o paciente com aquilo que tem um maior número de evidências comprovando sua eficácia.

A medicina baseada em evidências não é inteiramente rígida

Apesar de parecer uma abordagem muito rígida da medicina, a medicina baseada em evidências conta com o poder da estatística que, apesar de ser significativo, pode também trazer erros.

Métodos mais antigos, com mais anos de estudo, por exemplo, podem ser considerados como métodos mais eficazes por conta do volume de estudos que foram produzidos a seu respeito, enquanto um método mais novo (e potencialmente mais eficaz) porém pouco pesquisado pode ser descartado ou deixado como última opção simplesmente porque há poucos trabalhos sobre ele ainda. Contudo, isso é importante para evitar efeitos colaterais perigosos.

A estatística é uma ciência confiável, mas isso não quer dizer que métodos estatisticamente mais eficazes irão funcionar com todas as pessoas. Por isso, outras possibilidades continuam abertas levando em consideração não apenas os estudos, como também as individualidades do paciente sendo atendido.

Desta forma, apesar de parecer, a medicina baseada em evidências não é uma prática inteiramente rígida, mas sim uma prática que busca combinar dados científicos, conhecimento experiencial do profissional e os dados individuais do paciente para encontrar a abordagem mais adequada do quadro apresentado.

A medicina baseada em evidências é uma abordagem que torna o exercício da profissão cada vez mais ético e preciso. Se você está precisando de ajuda, não hesite em entrar em contato com um profissional de confiança!

Referências

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3789163/
https://www.bjan-sba.org/journal/rba/article/doi/10.1590/S0034-70942010000600001
https://www.hopkinsmedicine.org/gim/research/method/ebm.html
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-54492007000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=en
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-31802018000200099
https://onlinelibrary.wiley.com/journal/17565391
https://www.uptodate.com/contents/evidence-based-medicine

Confira posts relacionados