Deep Brain Stimulation (DBS): O que é, como funciona e indicações

A estimulação cerebral profunda é uma técnica de neuromodulação que pode tratar uma série de enfermidades. Entenda melhor aqui!
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Deep Brain Stimulation (DBS), também chamada de estimulação cerebral profunda, é uma técnica de neuromodulação que consiste na aplicação de eletrodos em áreas específicas do cérebro para alcançar os efeitos desejados.

Estes eletrodos produzem pulsos elétricos que ajudam a regular padrões anormais de atividade elétrica nas regiões do cérebro em que são implantados, ajudando a combater sintomas de diversos transtornos.

A estimulação gerada pelos eletrodos é controlada por um aparelho semelhante a um marca-passo que é implantado sob a pele na região do peito do paciente.

Assim como grande parte das técnicas de neuromodulação, a estimulação cerebral profunda não irá curar o problema, mas pode ajudar a diminuir significativamente os sintomas apresentados pelo paciente. Vez ou outra, o tratamento com a DBS pode ser combinado com medicações a fim de alcançar máxima eficácia.

Quais as indicações da DBS?

Entre as principais indicações da DBS estão:

Mal de Parkinson

O mal de Parkinson é um transtorno neurodegenerativo caracterizado por danos nas células que diminuem os níveis de dopamina no cérebro. A pessoa que sofre de mal de Parkinson fica com os movimentos afetados, podendo apresentar rigidez, tremores, desequilíbrio, lentidão, entre outros.

Nestes casos, a estimulação cerebral profunda pode ajudar a interromper os sinais irregulares no cérebro que são causados pelo transtorno, ajudando a melhorar os sintomas relacionados à movimentação.

Tremor essencial

O tremor essencial é uma condição neurológica caracterizada por tremores, especialmente nas mãos, mas que pode progredir para a cabeça, pernas e pode afetar até mesmo a voz. Não raramente, a enfermidade é confundida com o mal de Parkinson. A DBS pode ajudar nestes casos da mesma forma que ajuda nos casos de mal de Parkinson, por meio do controle dos sinais irregulares que causam os tremores.

Distonia

Trata-se de um transtorno neurológico no qual os músculos se contraem involuntariamente, fazendo com que a pessoa faça movimentos repetitivos de torção ou movimentos que a deixam em uma posição dolorosa.

Aqui, a DBS ajuda a controlar os pulsos cerebrais que levam às contrações.

Epilepsia

A epilepsia é um transtorno caracterizado pela presença de convulsões sem que haja uma razão aparente. Em outras palavras, as convulsões ocorrem de forma espontânea, podendo surgir diversas vezes ao dia, sem que haja realmente uma explicação médica plausível para o seu aparecimento.

Os eletrodos da DBS podem ajudar nesses casos a frear as crises convulsivas.

Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)

O transtorno obsessivo-compulsivo é caracterizado pela presença de pensamentos intrusivos, chamados obsessões, e comportamentos compulsivos, geralmente realizados a fim de diminuir a angústia e ansiedade causadas pelas obsessões.

Estudos mostram que a DBS pode ajudar a diminuir significativamente os sintomas de TOC, podendo inclusive atuar em comorbidades como depressão e ansiedade.

Leia mais: Estimulação cerebral profunda (DBS) para TOC severo: como funciona?

Uso experimental da DBS

Embora essa já seja uma lista relativamente extensa de enfermidades que podem ser tratadas com a DBS, a técnica também está sendo estudada para o tratamento das seguintes condições:

Síndrome de Tourette

A síndrome de Tourette é um transtorno caracterizado por tiques dos quais o indivíduo não tem controle. Estes tiques podem ser motores ou vocais e não é raro que a pessoa tenha múltiplos tiques dos dois tipos, e os tiques podem conter gestos ou palavras que não são aceitos socialmente, como palavrões, por exemplo.

Doença de Huntington (coreia)

A doença de Huntington, também chamada de coreia de Huntington, é uma enfermidade na qual células nervosas se rompem com o tempo, resultando em uma série de sintomas neurológicos, como movimento involuntários, problemas cognitivos e sintomas psiquiátricos. A doença é hereditária e não tem cura, mas estima-se que a DBS possa ajudar a controlar os sintomas.

Dores crônicas

Não raramente, dores crônicas estão relacionadas ao funcionamento do cérebro, que pode estar desregulado e enviar sinais de dor mesmo quando não há uma causa aparente. Nestes casos, a DBS pode ajudar tentando bloquear a emissão desses sinais.

Cefaleia em salvas

A cefaleia em salvas, frequentemente abreviada para CES, é uma dor de cabeça intensa de curta duração (entre 30 minutos e 1 hora), geralmente localizada em um lado da cabeça, na têmpora ou ao redor de um olho. Essa dor costuma vir acompanhada de coriza, lacrimejamento, face avermelhada e pálpebra caída. Essas crises podem ocorrer várias vezes por dia e costumam reaparecer por várias semanas ou meses.

A DBS é para todos?

Apesar de trazer bons resultados no tratamento de uma série de enfermidades, a deep brain stimulation não é uma técnica para todos. Isso porque se trata de uma técnica bastante invasiva, sendo mais interessante testar alternativas não invasivas antes.

Grande parte das condições que são tratadas pela DBS também podem ser tratadas com medicamentos e até mesmo psicoterapia. Contudo, nem sempre estes tratamentos surtem o efeito esperado. É nestes casos em que a DBS surge como uma alternativa.

Portanto, a DBS deve ser vista como um último recurso quando todos os outros tratamentos já foram testados e a pessoa ainda possui muitos impactos em sua qualidade de vida por conta da enfermidade.

Se os tratamentos anteriores estão funcionando adequadamente ou produzem uma redução significativa dos prejuízos causados pelas condições citadas, então não há necessidade de recorrer a um tratamento tão invasivo.

Como é feita a cirurgia de DBS?

A cirurgia de estimulação cerebral profunda é feita em duas partes: uma cirurgia cerebral e uma cirurgia no peito para implantação do aparelho que controla os eletrodos.

Cirurgia cerebral

Não raramente, a cirurgia cerebral é feita com o paciente consciente (acordado), com a aplicação de anestesia local. Isso é importante para que seja possível observar os resultados da estimulação ainda durante a cirurgia. Contudo, a cirurgia também pode ser feita sob anestesia geral, na qual o paciente fica completamente desacordado durante o processo.

A cirurgia é feita com equipamentos de neuroimagem para mapear o cérebro e tornar mais fácil a identificação da área onde os eletrodos devem ser implantados.

O tipo de eletrodo que será implantado depende dos objetivos pretendidos com a estimulação, podendo variar de dois eletrodos, um em cada lado do cérebro, a vários eletrodos espalhados por diversas regiões cerebrais.

Estes eletrodos são conectados a um fiozinho que passa por debaixo da pele e se conecta com o aparelho gerador de pulsos que é implantado perto da clavícula (osso popularmente conhecido como “saboneteira”).

Cirurgia no peito

A segunda parte da cirurgia é feito na região do peito a fim de fazer o implante do aparelho gerador de pulsos. Este aparelho é posicionado perto da clavícula e o procedimento é feito com anestesia geral.

Este aparelho é programado para enviar pulsos contínuos ao cérebro e pode ser ligado ou desligado por meio de um controle remoto.

Após a cirurgia

Depois da cirurgia, o paciente é instruído em relação ao uso do aparelho, que é regulado e programado de acordo com as necessidades do paciente. Este período de regulação pode demorar alguns meses com o objetivo de encontrar a configuração que trará resultados mais efetivos para cada caso.

A estimulação pode ser feita de forma constante, usando todas as 24 horas do dia, ou pode ser feita apenas durante as horas em que o paciente está acordado, sendo instruído a desligar o aparelho na hora de dormir e ligá-lo novamente ao acordar.

Vale ressaltar que o aparelho possui baterias e, por isso, pode ser necessário uma troca de aparelho quando a bateria estiver no final de sua vida útil. Estima-se que a vida útil de um aparelho neuroestimulador dure entre 3 e 5 anos.

Quais os possíveis riscos da DBS?

Em geral, a DBS costuma ter riscos baixos. Contudo, como em todo processo cirúrgico, existem alguns riscos associados. São eles:

  • Posicionamento incorreto dos eletrodos ou do dispositivo de controle;
  • Sangramento no cérebro;
  • Derrame;
  • Infecção;
  • Problemas respiratórios;
  • Náusea;
  • Problemas cardíacos;
  • Convulsões.

Efeitos colaterais da DBS

Como qualquer tratamento, a deep brain stimulation pode trazer alguns efeitos colaterais. São eles:

  • Convulsões;
  • Dores de cabeça;
  • Confusão;
  • Dificuldade de concentração;
  • Complicações com os dispositivos implantados, como erosão de cabos, por exemplo;
  • Dor e inchaço temporários no local dos implantes;
  • Dormência ou sensação de formigamento;
  • Tensão muscular na região do peito ou face;
  • Problemas na fala e no equilíbrio;
  • Tontura;
  • Problemas de visão, como enxergar duplo;
  • Mudanças de humor não desejadas, como raiva e depressão.

Vale ressaltar que o aparelho não é ligado imediatamente após a cirurgia, pois é necessário esperar o corpo se recuperar do processo invasivo antes de iniciar o tratamento em si. Por conta disso, o tratamento em si pode começar só semanas ou meses depois do implante.

Com o aparelho em funcionamento, alguns dos efeitos colaterais tendem a sumir a depender do ajuste das configurações do aparelho.

Embora a DBS seja um tratamento invasivo e de pouca acessibilidade, ela pode ser de grande ajuda para pessoas que não respondem bem aos tratamentos convencionais de uma série de transtornos. Se você sofre de algum transtorno e não está se beneficiando do tratamento, é interessante discutir as possibilidades alternativas com seu médico.

Vale ressaltar que, se você está começando a tratar algum transtorno agora e o tratamento ainda não surtiu efeito, é provável que seja apenas porque ainda não foi testado o tratamento mais eficaz para o seu caso. Por isso, não deixe de fazer o acompanhamento com um profissional da saúde mental!

Referências

https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/deep-brain-stimulation/about/pac-20384562
https://www.hopkinsmedicine.org/health/treatment-tests-and-therapies/deep-brain-stimulation
https://www.aans.org/en/Patients/Neurosurgical-Conditions-and-Treatments/Deep-Brain-Stimulation
https://my.clevelandclinic.org/health/treatments/21088-deep-brain-stimulation
https://mayfieldclinic.com/pe-dbs.htm
https://www.ninds.nih.gov/health-information/disorders/deep-brain-stimulation-movement-disorders
https://www.michaeljfox.org/deep-brain-stimulation

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